Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que 77% das obras de construção iniciadas no País estavam paralisadas no primeiro trimestre de 2025, o que representa cerca de oito em cada dez projectos estagnados. O relatório do Inquérito Trimestral de Avanço e Acompanhamento dos Edifícios em Processo de Construção (ITAEPC) aponta para um agravamento da situação, com um aumento de 1,3% no número de obras paralisadas em relação ao último trimestre de 2024.
De acordo com o INE, foram visitadas 3.332 obras nos primeiros três meses do ano, mas apenas 780 estão em andamento, evidenciando desafios persistentes no sector da construção civil. Entre as principais causas estão a escalada dos preços dos materiais de construção, a falta de fiscalização e a inflação, que compromete o poder de compra das famílias e a capacidade financeira das empresas para dar continuidade aos projectos.
Benguela Lidera Ranking de Obras Paralisadas
A província de Benguela destaca-se com o maior número de obras paralisadas, totalizando 435, seguida pelo Uíge, com 372, e Cuando Cubango, com 352. Em contrapartida, o Bengo regista o menor número de estagnações, com apenas 19 obras paradas, reflexo do reduzido volume de projectos em curso na região, conforme indicado pelos investimentos públicos previstos no Orçamento Geral do Estado (OGE).
Luanda, a capital, posiciona-se no meio do ranking, com 88 obras paralisadas, mas lidera em número de construções activas, com 129 projectos (16,5% do total nacional). Seguem-se Cuanza Sul, com 112 obras (14,36%), e Namibe, com 97 (12,44%).
Habitação Domina Projectos de Construção
O relatório do INE revela que 95% das obras visitadas destinam-se à habitação, enquanto apenas 5% são projectos não residenciais, como edifícios para indústria, comércio, hospitais, escolas, escritórios, igrejas e hotéis. Das 3.176 obras habitacionais identificadas, Benguela concentra 447, seguida pelo Uíge (378), Cuando Cubango (364) e Cabinda (353).
A província do Bié destaca-se pela maior área bruta de construção, com 65.768 metros quadrados, num total nacional de 456.564 metros quadrados. Este volume é impulsionado por projectos habitacionais, reflectindo o desejo das famílias de concretizar o sonho da casa própria.
Custos Elevados e Desafios Financeiros
Os custos médios mensais com mão-de-obra no primeiro trimestre de 2025 atingiram 95,2 milhões de kwanzas, sendo 71,6 milhões destinados a projectos habitacionais e 23,5 milhões a construções não residenciais. A Lunda Norte lidera como a província com as obras habitacionais mais caras, com um custo médio de 16,9 milhões de kwanzas, seguida de Luanda, com 12,9 milhões.
Contexto Económico Desafia Sector
O aumento das obras paralisadas reflecte as dificuldades económicas enfrentadas pelas famílias e empresas angolanas. A inflação, aliada ao encarecimento dos materiais de construção e à insuficiente fiscalização, agrava os desafios do sector, que enfrenta um cenário de estagnação crescente nos últimos anos.
Os dados do INE sublinham a necessidade de políticas públicas que promovam a dinamização do sector da construção, essencial para o desenvolvimento económico e social do país. O Governo e as entidades responsáveis pelo planeamento urbano são chamados a reforçar a fiscalização e criar mecanismos de incentivo para a conclusão das obras, especialmente as destinadas à habitação.
Fonte: Jornal Expansão