O Ministério Público (MP) admitiu, esta segunda-feira, 13, não ter conseguido reunir provas documentais suficientes contra o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” devido ao desaparecimento de documentos provocado por sucessivos ataques cibernéticos em instituições do Estado. A revelação surgiu durante as alegações finais do mediático julgamento que envolve também o general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”.

Documentos desapareceram ao longo dos anos

Durante três horas de alegações, o procurador Lucas Ramos explicou que várias instituições que detinham documentação relevante para o processo foram alvo de ataques informáticos ao longo do tempo, resultando na perda de elementos probatórios que poderiam comprometer os arguidos em crimes de peculato e outras ilicitudes.

“Vários documentos que confirmariam o envolvimento dos arguidos em diversos crimes não foram encontrados”, declarou o representante do MP, sem especificar se as invasões ocorreram no Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), já extinto, no CIF-Angola ou na própria Procuradoria-Geral da República.

Ausência de registos financeiros

O Ministério Público reconheceu igualmente a inexistência de provas documentais que comprovem investimentos financeiros de empresas chinesas na construção da Urbanização Vida Pacífica, apesar de o Governo angolano ter participado no empreendimento.

A acusação menciona o alegado desvio de carregamentos de petróleo vendidos pela Sonangol à China, avaliados em mais de 4 mil milhões de dólares. Porém, o MP admitiu não possuir registos ou documentação que comprove se esses valores ficaram com os arguidos Kopelipa e Dino, ou se reverteram para o Estado angolano.

Ataques cibernéticos enfraquecem acusação

Segundo a tese apresentada pelo MP, os ataques informáticos enfraqueceram substancialmente a capacidade da Procuradoria-Geral da República em fundamentar a acusação, especialmente no que toca à apropriação de dinheiro ou bens públicos.

Um ataque cibernético é definido como qualquer esforço intencional para roubar, expor, alterar, desativar ou destruir dados através de acesso não autorizado a sistemas informáticos. O caso levanta questões sobre a segurança digital das instituições angolanas e a preservação de documentos sensíveis relacionados com processos judiciais.

Julgamento em fase decisiva

O processo judicial contra os dois generais, que tem acompanhamento mediático intenso, entra agora em fase de conclusão após as alegações finais. A ausência de provas documentais sólidas poderá influenciar o desfecho do caso, que envolve acusações de crimes económicos de grande envergadura.

Fonte: Novo Jornal

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