O Grupo Carrinho anunciou, com grande destaque, a conquista da certificação internacional de segurança alimentar FSSC 22000, emitida pela Société Générale de Surveillance (SGS), nesta segunda-feira, 20 de outubro. No entanto, o curto prazo de apenas oito dias para auditar 18 fábricas no Complexo Industrial de Benguela tem gerado controvérsia e dúvidas sobre a credibilidade da validação.

O Anúncio como “Marco Histórico”

Durante a apresentação, o diretor executivo do grupo, Décio Catarro, descreveu a certificação como um “marco histórico” para a indústria alimentar angolana. “Esta conquista coloca Angola ao nível das grandes potências mundiais e reforça a confiança dos consumidores”, afirmou Catarro, ligando o feito à “Visão 20-30” do grupo, que visa integrar toda a cadeia alimentar, do campo à mesa.

A certificação FSSC 22000 é reconhecida globalmente por garantir padrões elevados de segurança e qualidade em processos alimentares, e a SGS, líder mundial em inspeções, conduziu a auditoria diretamente. O Grupo Carrinho destacou que essa validação abrange as 18 unidades fabris do complexo, reforçando sua posição como um dos maiores players industriais do país.

Dúvidas Sobre a Rapidez da Auditoria

Especialistas em certificação e segurança alimentar, consultados por fontes independentes, consideram o processo “inexplicavelmente rápido” e “tecnicamente improvável”. Uma fonte ligada ao setor de qualidade alimentar explicou: “Auditar 18 unidades fabris complexas em apenas oito dias é algo que, em condições normais, não acontece. Esse tipo de certificação leva entre seis meses e um ano, dependendo da estrutura, número de funcionários e grau de organização da empresa”.

Outro técnico contactado acrescentou que a pressa pode indicar “efeitos de marketing político e económico”, minando a credibilidade da certificação e deixando os consumidores em dúvida. A reação pública tem sido marcada por ceticismo, com empresários do ramo alimentício classificando o anúncio como “mais propaganda do que conquista”.

Suspeitas de Influência Política e Pedidos de Transparência

As suspeitas ganham força devido à proximidade entre o Grupo Carrinho e o Titular do Poder Executivo, João Lourenço, o que levanta questões sobre possíveis irregularidades ou favorecimentos no processo. Fontes empresariais defendem que o Ministério da Indústria e Comércio exija a divulgação do relatório completo da auditoria para confirmar o cumprimento de todos os requisitos da norma FSSC 22000.

“Se tudo foi feito de forma correta, o Grupo Carrinho não tem nada a esconder. Mas o silêncio só reforça a suspeita de favorecimento político e corrupção técnica”, comentou um empresário do setor alimentício. A comunidade empresarial pede uma auditoria independente para dissipar as dúvidas, garantindo que certificações internacionais mantenham sua integridade em Angola.

Fonte: Imparcial Press

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *