Na sessão solene de abertura da 4.ª sessão legislativa da V Legislatura, o Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, proferiu o Discurso do Estado da Nação, marcado pelo simbolismo das celebrações dos 50 anos de Independência Nacional e por anúncios de grande relevância política, social e diplomática.
Durante o discurso, o Chefe de Estado destacou os avanços registados em todos os setores da saúde à educação, da economia às infraestruturas e reafirmou o compromisso com a reconciliação nacional, anunciando uma decisão inédita: a condecoração dos signatários dos Acordos de Alvor com a Medalha Comemorativa dos 50 Anos da Independência Nacional.
“É neste quadro, no espírito do perdão, da paz e da reconciliação nacional, da unidade da Nação, que vamos estender este reconhecimento nacional aos signatários dos Acordos de Alvor”, afirmou o Presidente, sublinhando que o gesto visa “contribuir para o fortalecimento da Nação e inspirar a nossa caminhada coletiva”.
Condecorações como instrumento de unidade nacional
A medida, que abrange figuras históricas ligadas aos movimentos de libertação e ao processo de transição para a independência, insere-se numa estratégia mais ampla de justiça simbólica e reparação histórica, já em curso com a atribuição de condecorações a milhares de angolanos e estrangeiros que contribuíram para a liberdade e soberania do país.
Esta iniciativa reforça o papel das condecorações nacionais como ferramentas de coesão social e memória coletiva, alinhando-se com os valores da paz duradoura, reconciliação e respeito pela diversidade de percursos históricos.
Balanço de cinco décadas: de uma nação em ruínas a um Estado em transformação
O Presidente Lourenço recordou que, em 1975, Angola contava com apenas 19 médicos, 85% da população era analfabeta e as infraestruturas estavam devastadas pela guerra colonial. Hoje, o país regista:
- 3.355 unidades sanitárias (contra 320 em 1975);
- Mais de 9,6 milhões de alunos matriculados no ensino básico;
- 330.000 estudantes no ensino superior, distribuídos por 106 instituições;
- Taxa de mortalidade infantil reduzida de 134,5 para 32 por mil nascidos vivos;
- Esperança de vida aumentada de 41 para 64,6 anos.
No plano económico, o Executivo destacou a redução da dívida pública de 115,9% para 55,5% do PIB entre 2020 e 2024, a desdolarização progressiva da economia e o crescimento da indústria transformadora fora do sector petrolífero, que registou um aumento de 5,15% no segundo trimestre de 2025.
Diplomacia ativa e protagonismo continental
João Lourenço sublinhou ainda o papel crescente de Angola na cena internacional, nomeadamente com a presidência pro tempore da União Africana em 2025 um “feito que nos enche de orgulho patriótico”. O país tem impulsionado agendas continentais sobre financiamento de infraestruturas, capital humano e reforma do Conselho de Segurança da ONU, defendendo dois lugares permanentes para África.
A diplomacia económica também avança: em 2024, Angola sediou a Cimeira de Negócios EUA-África, gerando compromissos de investimento superiores a 2,5 mil milhões de dólares, e aderiu à Zona de Livre Comércio da SADC, reforçando a integração regional.
Rumo a 2050- Um país que se reconstrói com os jovens
Com 12,5 milhões de jovens entre os 15 e os 35 anos, o Presidente reiterou que “apostar na juventude é o mais avisado e racional”. Medidas como o Programa JOBE Angola, os novos hospitais regionais, a expansão do ensino técnico-profissional e o Parque de Ciência e Tecnologia de Luanda visam preparar as novas gerações para os desafios do desenvolvimento sustentável.
