Durante uma cimeira empresarial de alto nível no Cairo, o Presidente angolano João Lourenço convidou investidores egípcios a explorarem oportunidades em Angola, enfatizando o esforço do país em diversificar a sua economia para além do petróleo. A cimeira, realizada no segundo dia da visita de Lourenço ao Egipto, reuniu proeminentes líderes empresariais egípcios, incluindo Ahmed Elsewedy, CEO da Elsewedy Electric, e Ahmed Mostafa El Assar, Presidente da The Arab Contractors.
Fortalecimento das Relações Económicas Angola-Egipto
O Presidente Lourenço destacou as relações diplomáticas de longa data entre Angola e o Egipto, estabelecidas em 1976, mas observou que ambas as nações ainda não capitalizaram totalmente o seu potencial económico. “Viemos ao Cairo para virar a página e alcançar em pouco tempo o que não conseguimos em quase 50 anos”, disse, instando empresas egípcias a estabelecerem parcerias com Angola em sectores como agricultura, energia, infraestruturas, turismo e produtos farmacêuticos.
“Angola e o Egipto têm recursos—humanos e naturais—que devemos aproveitar. Com a vossa ajuda, pretendemos atingir o nível de desenvolvimento que o Egipto alcançou hoje”, disse Lourenço aos líderes empresariais.
Oportunidades no Mercado Emergente de Angola
A Elsewedy Electric, um actor-chave no sector eléctrico de Angola há mais de 20 anos, expressou planos para expandir as suas operações para além de Luanda, abrangendo geração, transmissão e distribuição de energia em todo o país. De forma semelhante, a The Arab Contractors, que anteriormente operou em Angola há 15 anos, anunciou a criação de uma nova subsidiária local em 2024 para reentrar no sector energético e explorar parcerias nas áreas de saúde, tratamento de água e infraestruturas. A empresa opera em 38 países africanos e vê Angola como um mercado estratégico.
Lourenço enfatizou as reformas económicas em curso em Angola, incluindo uma mudança de uma economia dominada pelo Estado para uma impulsionada pelo sector privado. “Nenhum país se desenvolve sem um sector privado robusto”, afirmou, observando que Angola está a criar um ambiente favorável aos negócios com regulamentos claros e incentivos para atrair investidores nacionais e estrangeiros.
Sectores-Chave para Investimento
O Presidente delineou áreas prioritárias para investimento, incluindo:
- Agricultura: Aproveitando as terras férteis de Angola e o clima favorável para produzir alimentos para consumo interno e exportação.
- Turismo: Desenvolvendo resorts costeiros, reservas naturais e o projecto transfronteiriço Okavango-Zambeze, que abrange cinco províncias angolanas e países vizinhos.
- Produtos Farmacêuticos: Estabelecendo fabricação local para reduzir a dependência de medicamentos e vacinas importados, com interesse já manifestado pela Gipto Pharma do Egipto.
- Infraestrutura: Construção de portos, aeroportos, instalações de energia renovável e estações de tratamento de água para apoiar o crescimento industrial e urbano.
Egipto como Modelo de Desenvolvimento
Lourenço elogiou o rápido desenvolvimento do Egipto, particularmente a construção de 24 novas cidades na última década, como um modelo para as nações africanas. “Isto mostra que quando há vontade, as coisas podem ser feitas”, disse, desafiando a narrativa de que África é apenas um continente de pobreza e subdesenvolvimento. Ele incentivou empresas egípcias a verem o mercado de 35 milhões de habitantes de Angola—e a sua proximidade com países vizinhos—como uma porta de entrada para o comércio regional.
A cimeira incluiu uma apresentação da Agência de Investimento Privado e Promoção de Exportações de Angola (AIPEX), que detalhou incentivos ao investimento, políticas fiscais e estruturas regulatórias disponíveis para investidores estrangeiros.
Um Apelo à Acção
Líderes empresariais egípcios expressaram entusiasmo pelo potencial de mercado de Angola, com vários já engajados em discussões preliminares com homólogos angolanos. A visita de Lourenço, juntamente com o histórico comprovado do Egipto em desenvolvimento de infraestruturas e industrial, prepara o cenário para uma colaboração económica mais profunda entre as duas nações.
À medida que Angola continua a sua diversificação económica, o sucesso desta cimeira poderá marcar um ponto de viragem na atracção de investimento estrangeiro para impulsionar um crescimento sustentável.