Angola enfrenta crescentes desafios financeiros, agravados pela exigência de pagamento de 200 milhões de dólares ao banco JPMorgan como garantia adicional de um empréstimo de mil milhões de dólares, em abril. Este cenário reabriu oficialmente a possibilidade de o país recorrer a um novo empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo declarações da ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, à agência Reuters.

Na semana passada, a ministra revelou que o Governo está a realizar testes de stress para avaliar o impacto da queda do preço do petróleo nas finanças públicas, sinalizando que a hipótese de recorrer ao FMI está em análise. A chegada de uma equipa do FMI a Angola, esta semana, reforça a probabilidade de um acordo para um novo financiamento estar próximo, conforme antecipado pelo jornal Negócios em novembro de 2024. Na altura, foi noticiado que o FMI poderia conceder um empréstimo entre 3 e 5 mil milhões de dólares.

Contexto de crise económica

As dificuldades de tesouraria intensificaram-se com a deterioração das contas públicas, agravada pela queda do preço do petróleo, principal fonte de receita do país. O FMI reviu em baixa as projeções de crescimento económico para Angola em 2025, de 3% para 2,3%, contra os 4,5% registados em 2024. A incerteza económica global, exacerbada por decisões políticas do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também contribui para o cenário adverso.

Em entrevista à agência Lusa, Vera Daves de Sousa destacou que o Governo monitoriza o preço do barril de petróleo, actualmente abaixo dos 60 dólares. “Cenários com preços de 55 dólares por barril ainda são geríveis, mas, de forma continuada, preços abaixo disso poderão exigir uma revisão do Orçamento Geral do Estado”, afirmou. A ministra adiantou que o Executivo está preparado para gerir a situação com cortes em despesas de bens, serviços e capital, mas uma revisão orçamental poderá ser necessária se os preços se mantiverem insustentáveis.

Histórico com o FMI

Angola já recorreu ao FMI em ocasiões anteriores. Em 2018, o país assinou um acordo de financiamento de 3,7 mil milhões de dólares, reforçado em 2020 com 765 milhões de dólares. Após o pagamento destas dívidas, a relação com o FMI centrou-se em programas de assistência técnica. Contudo, a actual conjuntura económica pressiona o Governo a reconsiderar um novo empréstimo.

Compromisso com a gestão financeira

O Governo angolano assegura que está atento à evolução da economia e preparado para medidas adicionais, caso necessário. A visita da equipa do FMI esta semana será decisiva para definir os contornos de um eventual novo acordo, que poderá aliviar as tensões de tesouraria e apoiar a estabilização económica do país. JN

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