A edição de 2025 do evento Doing Business Angola realizou-se esta segunda-feira, em Lisboa, destacando as oportunidades de negócio e a cooperação entre Portugal e Angola. O painel “A Experiência de Quem Faz no Terreno” reuniu Nuno Vaz, CEO do Banco Atlântico Europa, João Traça, presidente da CCIPA, Luís Campos Ferreira, presidente da UCCLA, e Carlos Firme, presidente do conselho executivo da Fortaleza Seguros, para discutir os desafios e potencialidades do mercado angolano.
Cooperação Histórica e Oportunidades Atuais
Luís Campos Ferreira destacou a importância histórica da parceria entre Portugal e Angola, especialmente durante a intervenção da Troika (2011-2014), quando Angola foi essencial para a sobrevivência de empresas portuguesas Éncias. “A internacionalização foi crucial para as empresas portuguesas”, afirmou, sublinhando as oportunidades atuais na formação profissional e na construção, dada a jovem população angolana e as necessidades habitacionais. “O sucesso depende da capacidade de adaptação à realidade local”, reforçou, destacando a vantagem de Portugal na relação bilateral.
Setor Segurador em Crescimento
Carlos Firme abordou o desenvolvimento do setor segurador em Angola, com destaque para o seguro de saúde, que representa 35% do mercado. “A penetração dos seguros é inferior a 1% do PIB, contra 10% em países desenvolvidos”, explicou, apontando o potencial de crescimento através de maior fiscalização, literacia financeira e inovação. Firme anunciou ainda o lançamento de uma seguradora de matriz angolana em 2026, um projeto que tem atraído interesse regional.
Facilitação do Comércio Internacional
Nuno Vaz detalhou o papel do Banco Atlântico Europa na agilização do comércio, através da emissão e validação de cartas de crédito para importações e exportações. A linha de crédito entre Portugal e Angola, que começou com 100 milhões de euros em 2005, já financiou 1,5 mil milhões de euros em projetos, com fornecedores portugueses.
Infraestruturas e Desafios
João Traça, presidente da CCIPA, destacou o impacto transformador de infraestruturas como o Corredor do Lobito e o novo aeroporto, comparando-as ao lançamento do iPhone. “São game changers para as próximas gerações”, afirmou. No entanto, apontou desafios como a escassez de divisas (93% das empresas destacam este problema), a inflação e dificuldades na contratação, apesar do crescimento económico superior à taxa demográfica.
Sustentabilidade e Novas Parcerias
A sustentabilidade foi apontada como um fator crucial para futuros investimentos. João Traça sugeriu uma parceria inovadora entre a Ericeira, capital europeia do surf, e Angola, aproveitando o potencial das ondas angolanas para o turismo e desporto. Luís Campos Ferreira prometeu explorar esta ideia, enfatizando a importância da cooperação entre cidades. JE