De acordo com o Centro de Desenvolvimento Global de Políticas, da Universidade de Boston, nos EUA, a que a agência Lusa teve acesso, desde o ano 2000 até 2022 a China emprestou mais de 45 mil milhões de dólares a Angola.
Este país africano é o maior receptor de financiamento chinês, seguido da Etiópia, com 14,1 mil milhões de dólares, e do Quénia, com 9,7 mil milhões de dólares desde o início do século.
No caso angolano, e ainda de acordo com este reputado centro de estudo sobre a relação económica e financeira entre a China e África, os financiamentos são mais avultados no sector energético, com 26 mil milhões de dólares em 37 empréstimos, mas são em maior número do sector dos transportes, com 6,2 mil milhões de dólares canalizados para 67 projectos.
No total continental, e ainda segundo os dados deste Centro que é geralmente reconhecido como a mais abrangente fonte de informação económica e financeira no relacionamento entre os dois blocos, desde o início deste século o gigante asiático emprestou 170 mil milhões de dólares para 1.243 iniciativas.
Desse total, quase 60 mil milhões de dólares foram canalizados para projectos na área da energia e quase 50 mil milhões foram para projectos no sector dos transportes.
Covid 19 responsável pela redução dos números
Apesar de ainda ser o maior parceiro do continente africano, o financiamento chinês aos países africanos caiu para menos de mil milhões de dólares em 2022, o último ano para o qual há dados compilados, representando o valor mais baixo em quase duas décadas.
Desde o pico de 28,5 mil milhões de dólares atingido em 2016, em 2021 a China fez apenas sete empréstimos no valor de 1,22 mil milhões de dólares, e em 2022 o valor caiu para 994 milhões de dólares, com apenas nove financiamentos, o nível mais baixo desde 2004.
“A pandemia de covid-19 influenciou estes números, mas muita da descida explica-se com a redução do nível de exposição” à evolução das finanças públicas africanas, comentou o investigador deste Centro e um dos gestores da bases de dados do Centro sobre este tema, referindo-se à degradação da situação económica dos países africanos no seguimento da pandemia, que aprofundou dificuldades já existentes e obrigou vários países a renegociarem os termos dos empréstimos chineses, com alguns, como a Zâmbia e o Chade, a entrarem em Incumprimento Financeiro, o chamado default.