“Não vamos repetir 2022. Estamos a trabalhar para ganhar muito mais em 2027. E iludam-se aqueles que pensam que, com os militares e a polícia nas ruas, vamos voltar a dizer ‘vamos às instituições’. Acabou, acabou mesmo.” – Adalberto Costa Júnior. (Discurso na província do Huambo).

A trajetória política de Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, nas eleições de 2022 em Angola, representa um exemplo significativo de como promessas eleitorais irrealizáveis podem influenciar a credibilidade de um político, especialmente junto ao eleitorado jovem.

Costa Júnior, ao prometer mudanças radicais e rápidas antes das eleições de 2022, conseguiu inicialmente capturar a atenção e o apoio dessa demografia, que frequentemente clama por super homens para resolver problemas que muitas vezes precisam de tempo.

Contudo, as declarações feitas por ACJ durante e após a campanha mostram uma desconexão crescente entre as expectativas geradas e a realidade política do país. O discurso proferido essa semana na província do Huambo é emblemático, revelando uma retórica descontrolada, que, embora possa resonar como um apelo à mudança, também pode ser visto como uma falta de pragmatismo nas estratégias políticas apresentadas.

A reação dos jovens angolanos, especialmente evidente nas redes sociais, ilustra uma desilusão progressiva. Comentários como o de Tito Sapilinho no Facebook expressam uma frustração direta com ACJ. O internauta lembrou mais uma promessa não cumprida de ACJ de 2022. “Vocês votem só, deixem a CNE comigo”.

A percepção de que as promessas de Costa Júnior foram mais ilusórias do que práticas parece ter tido um impacto significativo na sua imagem entre os jovens, que passaram de um estado de apoio entusiástico para uma posição de ceticismo e até de aberto desprezo, como evidenciado pelo desagrado expresso nas redes sociais e pela referência a memes, indicando um tratamento irônico e descrente das suas declarações.

Analisando mais amplamente, este cenário aponta para uma tendência maior na política angolana e possivelmente global, onde jovens eleitores estão cada vez mais dispostos a desafiar e rejeitar os partidos tradicionais como a UNITA que não conseguem cumprir as suas promessas ou que parecem fora de contato com as realidades e necessidades atuais.

O surgimento de novos partidos liderados por jovens, como mencionado por analistas, sugere uma possível fragmentação do cenário político, onde a UNITA e outros partidos tradicionais podem enfrentar perdas significativas de apoio se continuarem a falhar em conectar-se de maneira autêntica e eficaz com esse eleitorado volátil.

Portanto, a situação de Costa Júnior destaca não apenas os desafios de uma liderança que promete mais do que pode entregar, mas também o potencial de um novo dinamismo político impulsionado pela juventude, mais exigente e informada.

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