Cristina Lourenço, presidente da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva), defendeu a necessidade de aumentar o número de empresas cotadas na bolsa angolana, destacando as oportunidades de investimento que surgirão com quatro Ofertas Públicas de Venda (OPV) previstas até o final de 2025, no âmbito do programa de privatizações PROPRIV. As empresas incluem o Banco de Fomento Angola (BFA), a Unitel, a TV Cabo Angola e a SBA.
Durante a terceira edição da conferência Doing Business Angola, realizada em Lisboa, no Hotel Ritz Four Seasons, e organizada pela Forbes África Lusófona e Jornal Económico, Cristina Lourenço destacou que “há mais procura do que oferta” no mercado angolano. “Queremos mais empresas listadas na bolsa angolana”, afirmou, reforçando a importância de um mercado de capitais robusto para uma economia sustentável.
A presidente da Bodiva enfatizou o potencial das próximas OPVs, observando que “as quatro OPVs anteriores do PROPRIV, juntas, são menores que uma única operação do BFA ou da Unitel”. Essas oportunidades, segundo ela, são atrativas tanto para investidores locais quanto para empresas portuguesas que operam em Angola e investidores estrangeiros.
Crescimento Econômico e Desempenho da Bodiva
Angola registrou um crescimento econômico significativo, com o PIB estimado em 73,3 mil milhões de euros em 2024, um aumento de 14 mil milhões de euros em relação ao ano anterior. Apesar de uma inflação de 27,5% em 2024, a capitalização do mercado de capitais representa 15,61% do PIB, com um volume de negócios recorde de 10.328 transações no último ano.
A Bodiva, que opera desde 2014, tem como missão posicionar-se como uma plataforma de financiamento de médio e longo prazo. Desde 2016, o mercado de títulos do tesouro é o mais ativo, mas a bolsa de ações ganhou força em 2022 com a listagem do Banco Angolano de Investimentos (BAI) e do Banco de Comércio e Indústria (BCGA), que valorizaram 249% e 210%, respectivamente. O desempenho conjunto das ações da Bodiva cresceu 58%.
Desafios e Metas Futuras
Apesar do crescimento, o número de investidores ainda é limitado, com cerca de 40 mil, entre individuais e corporativos. Cristina Lourenço destacou a importância de promover a literacia financeira para atrair mais investidores e permitir uma avaliação adequada das empresas cotadas. “Ter empresas preparadas para a bolsa sem investidores que percebam seu valor não faz sentido”, afirmou.
Nos últimos anos, a Bodiva expandiu seus segmentos, introduzindo o mercado de REPOS e de Pequenas e Médias Empresas (PME), embora este último ainda não esteja ativo. A transição de funções de transação de bancos para sociedades corretoras e distribuidoras também marcou 2023 e 2024, com os bancos agora focados na liquidação e estruturação de ofertas públicas.
A Bodiva planeja continuar a fortalecer o mercado de capitais angolano, promovendo o financiamento sustentável da economia e atraindo mais empresas e investidores para a bolsa. FAL