Nos últimos sete anos, mais de 3,5 milhões de angolanos, predominantemente jovens e parte da força activa do país, emigraram em busca de melhores condições de vida, segundo estimativas recentes. Os principais destinos incluem Portugal, Brasil, França, Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul, impulsionados por factores como a busca por oportunidades de trabalho, melhores salários, acesso à saúde, educação e segurança.

Motivos da Emigração

A emigração massiva tem gerado intensos debates na sociedade angolana. Entre os motivos citados pelos emigrantes estão a falta de condições socioeconómicas adequadas, incluindo desemprego, precariedade no acesso à saúde, educação de qualidade, água potável, energia eléctrica e segurança. A colunista Luzia Moniz, na sua rubrica Tunda Mu Njila, publicada em Outubro de 2024 no Novo Jornal, descreve que muitos angolanos fogem da “fome, miséria, intolerância política e falta de dignidade”. Segundo Moniz, Angola lidera a lista de países que mais contribuem para a imigração em Portugal, onde os angolanos representam mais de 14% dos estrangeiros residentes, sem contar os detentores de dupla nacionalidade.

Dados e Destinos

Dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, citados pelo Novo Jornal, indicam que, entre 2023 e 2024, o Consulado de Portugal em Luanda emitiu mais de 120 mil vistos, incluindo os de curta duração (Schengen) e de longa duração (nacionais). Este número reflecte uma emigração constante para o país lusófono, onde muitos angolanos buscam melhores condições sociais e oportunidades de emprego.

Impactos e Perspectivas

O fenómeno da “fuga de cérebros” tem levantado questões sobre o papel dos jovens na construção do futuro de Angola. Há quem argumente que os que partem “não fazem falta”, defendendo que os verdadeiros patriotas permanecem para enfrentar as dificuldades e contribuir para o desenvolvimento do país. No entanto, outros alertam para a gravidade da perda de capital humano.

Norberto Garcia, director do Gabinete de Estudos Estratégicos e Análises da Casa Militar da Presidência da República, destacou, em Março de 2025, que o empobrecimento da população é a principal causa da emigração. Garcia sublinhou a responsabilidade do Estado na criação de políticas que promovam formação e emprego, especialmente para os jovens, como forma de conter o êxodo.

Por sua vez, Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, reforçou a necessidade de políticas governamentais eficazes para superar a crise económica, apontando para problemas persistentes no acesso à educação, saúde, água e emprego.

Fonte: Novo Jornal

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