A necessidade de incentivos à agricultura em Angola é uma questão crucial, dadas as recentes estatísticas que revelam uma discrepância significativa entre a produção e o consumo de um dos cereais mais importantes do mundo: o arroz.

Este desequilíbrio é mais do que uma questão de números; reflete desafios socioeconômicos e oportunidades de desenvolvimento que podem ser abordados por meio de políticas agrícolas eficazes.

Com uma população de mais de 33 milhões, projetada para mais do que dobrar até 2050, Angola enfrenta uma demanda crescente que não está sendo atendida pela produção nacional de arroz. A capacidade de produção anual do país é de apenas 11.696 toneladas, uma fração das 450 mil toneladas consumidas. Este déficit resulta em dependência de importações e vulnerabilidade a flutuações de preços no mercado global, o que pode resultar em inflação para os consumidores locais, como visto no aumento dos preços do arroz em Luanda.

Para mitigar esse desequilíbrio, é essencial estabelecer incentivos que promovam o aumento da produção nacional de arroz. Estes podem incluir subsídios diretos aos agricultores, investimento em tecnologias agrícolas que aumentem a produtividade, e políticas que garantam preços justos para os produtores. Além disso, é preciso investir em infraestrutura rural, como sistemas de irrigação e armazenamento, que possam apoiar uma produção agrícola mais robusta e sustentável.

É encorajador observar iniciativas como a da fazenda Marciris em Luquembo, que produziu 4 mil toneladas de arroz em seis meses, e do município de Matala, que está a caminho de se tornar um dos maiores produtores do país. No entanto, esses são apenas pontos de partida para um caminho que deve ser ampliado e apoiado por políticas governamentais e cooperação internacional.

A segurança alimentar é um direito humano fundamental, e o investimento na agricultura é uma via direta para fortalecer a economia, garantir a autosuficiência alimentar e promover a estabilidade social em Angola. Com incentivos adequados e uma estratégia abrangente, Angola não só pode atender às necessidades de consumo de arroz de sua população, mas também pode se estabelecer como uma força agrícola no continente africano.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *