Especialistas em assuntos ferroviários entendem que se faça uma investigação para se apurar o que ditou este valor para recuperar um troço de 45 quilómetros, entre a estação do Bungo até Viana.

Uma notícia avançada pela Rádio MFM, nesta quinta-feira, diz que a reabilitação da linha ferroviária da estação do Bungo-Viana, um percurso de 45 quilómetros, vai custar 135 milhões de dólares, segundo avançou um engenheiro ligado a esta empresa.

O arranque da empreitada, que ainda não tem data, ocorre dias depois de o Presidente da República, João Lourenço, ter visitado aquele troço a bordo do comboio até ao Novo Aeroporto Internacional de Luanda(NAIL), mas que não gostou do que viu, pelo que orientou a direcção dos CFL a reabilitar o troço, fazendo obras de melhoramento, para melhor circulação dos comboios, mas também para proteger a própria linha que tem estado a sofrer actos de vandalismo.

Entretanto, o que salta à vista é o elevado custo da reabilitação bem como os estudos feitos de forma record para determinar o custo exorbitante para um troço daquele que já beneficiou de várias vezes de obras de reabilitação. Fontes do Pungo a Ndongo admitem a possibilidade de haver uma eventual sobre facturação.

Embora no início a diagonal operativa da justiça atingisse ‘peixe graúdo’, ministros, directores nacionais, PCA e outros responsáveis, depois desviou-se o foco para os mais pequenos, havendo os ditos presos de luxo que acusados de crimes que lesaram o Estado, mas por razões que a própria razão desconhece, alguns foram condenados, interpuseram recursos e aguardam sentença em casa, usufruindo o dinheiro de todos os angolanos, retirado ilegalmente dos cofres do Estado.

O anúncio da reabilitação foi feito numa altura em que o país está sem dinheiro suficiente para financiar grandes projectos, segundo o próprio Governo, devido à crise económica e financeira mundial que se vive desde Junho de 2014. O que não foi dito pelo mesmo engenheiro, cujo nome não foi avançado pela Rádio MFM, é de onde sairá o financiamento (se interno ou externo).

Informações chegadas a este jornal de fontes conhecedoras do assunto, dizem que os 135 milhões de dólares deviam servir, também, para a reabilitação de outras infraestruturas ferroviárias ao invés de se limitar apenas para trabalhos de melhorias no troço referenciado.

Velha prática

Apesar do combate contra a corrupção e impunidade, desde a vigência do governo do Presidente João Lourenço, parece haver ainda indivíduos que fazem ‘ouvidos de mercador’ ante ao apelo das autoridades para se cessar com esta prática, mas ainda não encontrouo eco desejado.

Mesmo com detenções de ‘pesos pesados’ e ‘peixe miúdo’, indiciados em crimes de corrupção, peculato, alguns dos quais, julgados e condenados pelos tribunais, há ainda atrevidos que desafiam a justiça, só assim se compreende que existam cidadãos que optem por estes crimes, portanto, como as sobrefacturações que vão acontecendo nas empresas estatais e não só.

Concebido em 2017, o combate à corrupção começou com uma velocidade de cruzeiro e obteve resultados animadores, logo nos primeiros dois, três anos, mas a partir dos órgãos de justiça, segundo analistas políticos, começou a afrouxar, havendo quem admitiu tratar-se de um combate ‘ selectivo, com realce para membros do próprio partido no poder, que viram os seus interesses tocados nesta cruzada.

Estão aí à mão de semear, andam à vontade, mas administradores municipais, directores de hospitais, de escolas e outros, estão em calabouços por terem cometido crimes como os de desvio ou má execução financeira, corrupção passiva, sobrefacturação e outros delitos, segundo comentam ainda analistas políticos da nossa praça e até mesmo no estrangeiro, sobretudo em Portugal, onde existe a grande diáspora angolana.

Fracasso?

A UNITA, o maior partido na oposição em Angola, diz que o combate à corrupção fracassou, mas o Governo (MPLA) responde que continua vivo, há casos em averiguação no Serviço de Investigação Criminal (SIC), na Procuradoria Geral da República (PGR), outros já foram introduzidos em juízo, aguardando por julgamento.

Aliás, o Presidente da República, João Lourenço, numa entrevista que concedeu a um canal televisivo português, em Lisboa, numa das passagens reconheceu que o combate à corrupção é um processo moroso, mas é para continuar, e alertou que não haveria tréguas para quem continuasse a enveredar por este caminho, pois teria problemas com a justiça.

Devido à morosidade para se decidir sobre um determinado processo, tendo a complexidade de cada um, os tribunais são criticados, mas estes dizem que vão fazendo o que podem, por causa do exíguo número de magistrados judiciais, que alguns chegam a atender centenas de processos, durante o ano judicial.

Mesmo com a entrada em funcionamento dos tribunais de relação em algumas províncias, a situação não alterou muito, dizem os administrdores da justiça, mas reconhecem que Luanda, onde paravam processos para recursos nos tribunais Supremo e Constitucional, respectivamente, está mais aliviada O discurso de ‘justiça selectiva’ é o mais ouvido no lado da oposição, aliás, tem servido como arma de arremesso contra o Governo, mas este vai reiterando que para frente é o caminho e nada irá travar este combate do crime de ‘colarinho branco’, que começou no próprio partidoq ue sustenta o Governo. Jornal Pungo a Ndongo

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