Depois de ter aberto o ano em grande com o melhor arranque desde 2021, o IDE fora dos petróleos caiu pela segunda vez este ano. Já o oil & gas representa a quase totalidade do investimento estrangeiro em Angola (97%), um sinal claro de que o petróleo continua a ser o sector de maior confiança dos investidores.

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) fora do sector petrolífero caiu 18% no III trimestre deste ano face ao período homólogo, ao passar de 37,1 milhões USD para 30,5 milhões USD, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas do Banco Nacional de Angola (BNA). O tombo ainda é maior se compararmos com o segundo trimestre deste ano, quando Angola registou 44,8 milhões USD de investimento directo estrangeiro no sector não petrolífero, o que representa uma queda de 35% face ao contabilizado entre Abril e Junho. Contas feitas, os estrangeiros investiram menos 14 milhões USD no terceiro trimestre.

Esta é a segunda queda trimestral consecutiva, já que o País registou no primeiro trimestre um IDE não petrolífero de 133,5 USD, o melhor arranque trimestral desde o início de 2021.

“Penso ser um movimento normal, uma vez que o IDE não petrolífero anda muito atrelado a oportunidades pontuais e não estruturais”, comentou um economista que não quis ser identificado. “Infelizmente, não são boas notícias para a economia. O país precisa de investimentos para acabar com o desemprego jovem, com particular destaque para o sector real não petrolífero, onde são criados empregos compatíveis com a actual estrutura da força de trabalho do País”, referiu.

Ainda assim, em termos acumulados, nos primeiros nove meses do ano, o IDE não petrolífero registou um crescimento de 115% para 208,8 milhões USD, graças aos números registados no primeiro trimestre que representam 64% do total de entradas registadas entre Janeiro e Setembro.

Para Heitor Carvalho, economista e director do Cinvestec, embora os números acumulados sejam melhores do que os dos anos anteriores, continuam ínfimos face às necessidades de crescimento económico. “É como se tivéssemos um salário de 10 mil kwanzas e passássemos a ganhar 20 mil. Seria o dobro, mas não nos tiraria da fome e da miséria extrema”, exemplificou. No entanto, para o economista a principal causa da falta de investimento externo é o péssimo ambiente de negócios do País, devido ao não reconhecimento da titularidade de terrenos e casas, às regras complexas e que tornam os produtos demasiado caros para o consumidor angolano, fiscalidade exagerada e brutalidade fiscal, falta de estradas e camionistas, falta de comerciantes fora das grandes cidades, instabilidade das políticas governamentais, interpretações discricionárias da lei, entre outros.

IDE total cresce assegurado pelo petróleo

Entretanto, em termos acumulados, o IDE total registou um crescimento de 15% para 7.112,0 milhões USD face ao período homólogo.

Como de costume, o sector do petróleo continua a representar a quase totalidade das entradas de investimento directo estrangeiro. Assim, com 6.903.2 milhões USD registados nos primeiros nove meses do ano, o oil & gas representou 97% do total de investimento estrangeiro que o País captou.

“As entradas de IDE petrolífero crescem apenas 14%, sendo demasiado reduzidas para a pesquisa eficaz de novas reservas que, com este investimento, apenas aparecerão por mera sorte”, disse Heitor Carvalho, ao concluir que a comparação entre as entradas de investimento petrolífero e não-petrolífero demonstram o quão ínfimo é o investimento fora do sector dos petróleos. Expansão

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