O Presidente da República, João Lourenço, aprovou mais 93,6 milhões de euros em garantias soberanas para a linha de financiamento do Deutsche Bank, beneficiando empresas angolanas como a Every Where Angola (EWA) e a Pomobel. Este apoio financeiro visa impulsionar projetos agroindustriais e de importação de equipamentos, reforçando a economia angolana em setores chave como a produção de soja e avicultura.

EWA Recebe Maior Parcela para Complexo de Soja

A Every Where Angola, empresa criada em março de 2022 e integrada no grupo Naval de origem indiana, emerge como a segunda maior beneficiária das garantias soberanas aprovadas desde 2019. Com mais de 72,163 milhões de euros, o financiamento destina-se à importação de bens e equipamentos para a construção de um Complexo de Extrusão de Soja. O contrato, coberto pelo prémio de seguro da SACE, envolve o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) como intermediário, o Deutsche Bank S.p.A. como agente e financiador, e o Deutsche Bank S.A.E como arranjador.

Esta garantia posiciona a EWA logo atrás da Carrinho Empreendimentos, que recebeu duas aprovações totalizando mais de 114,4 milhões de euros. No total, sete garantias soberanas já foram emitidas para esta linha de financiamento alemã, somando mais de 248,6 milhões de euros em empréstimos a empresas angolanas.

Pomobel Investe em Fazenda no Kikuxi

A Pomobel, fundada na década de 1990 pelo empresário angolano Raúl Mateus, beneficiou de duas garantias no valor total de 21,5 milhões de euros – uma de 13,2 milhões e outra de 8,3 milhões. Os recursos serão aplicados na importação de equipamentos para a implementação e exploração de uma fazenda no Kikuxi, em Luanda. O projeto abrange produção avícola, comercialização de galinhas em fim de ciclo, ovos e ração animal, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento rural em Angola.

Entre os beneficiários anteriores, o valor mais baixo foi de 11,301 milhões de euros, aprovado em 2022 para a Alva Fishing – Companhia de Pesca, em Benguela, destinado à montagem de uma fábrica de conservas de atum.

Condições Exigentes para a Garantia da EWA

O Despacho Presidencial n.º 217/25, de 3 de setembro, impõe obrigações rigorosas à Every Where Angola, diferentemente de outras empresas. A EWA deve penhorar a totalidade das suas contas bancárias a favor do Estado, assim como as da Refitec a favor do BDA. Adicionalmente, é exigido um depósito de 2 mil milhões de kwanzas numa conta domiciliada no BDA, um aumento de capital de mil milhões de kwanzas e suprimentos dos sócios no valor de 40,619 milhões de euros (equivalentes em kwanzas).

Estes recursos cobrem aquisição de terreno, construção, equipamentos administrativos, meios de transporte, fundo de maneio para matéria-prima, imobilizado incorpóreo e outros itens, totalizando 2,073 milhões de euros, incluindo um downpayment de 5% do contrato de exportação. A empresa fica obrigada a pagar uma taxa de garantia de 1% sobre o financiamento e a prestar garantias reais ao BDA, que reportará mensalmente ao Ministério das Finanças o progresso físico e financeiro do projeto.

O cumprimento deve ocorrer num prazo de um ano; caso contrário, o despacho caduca por facto imputável ao promotor. A EWA, cujos sócios atuais incluem a Naval General Trading, Domingos Valdemiro Paulino Agostinho e Manuel Mfutila, alterou o pacto social seis vezes desde a sua criação por Ghebre-brhan Tecleab Teklechaimanot, Eyasu Tekleab Teklehaimanot e Júlio Jolomba de Oliveira Mendes.

Estas exigências decorrem do acordo de financiamento assinado em 2019 entre o Governo angolano e o Deutsche Bank, no valor de mil milhões de euros, com o BDA como intermediário. O Valor Económico procurou esclarecimentos junto da empresa, mas esta não se pronunciou sobre o tema.

Fonte: Valor Económico

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