O Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, defendeu esta segunda-feira, na abertura da 3.ª Cimeira sobre Financiamento de Infraestruturas em África, uma nova abordagem africana para o desenvolvimento do continente, centrada na mobilização interna de recursos, na integração regional e na valorização do potencial humano e natural do continente.

Realizada em Luanda, a cimeira — alinhada com a Agenda 2063 da União Africana e com o Programa para o Desenvolvimento de Infraestruturas em África (PIDA) — reúne líderes africanos, instituições financeiras multilaterais e parceiros internacionais, com o objetivo de encontrar soluções concretas para o enorme défice de financiamento de infraestruturas no continente, estimado entre 130 e 170 mil milhões de dólares pelo Banco Africano de Desenvolvimento.

“Reunimo-nos hoje em Luanda não apenas para discutir números, projectos ou mecanismos financeiros, mas, acima de tudo, para reafirmar a nossa visão comum de uma África conectada, moderna e resiliente”, declarou João Lourenço no seu discurso de abertura.

O Chefe de Estado angolano sublinhou que o sucesso da integração africana e da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) depende fortemente da construção de infraestruturas que liguem os mercados, alimentem as indústrias e aproximem os cidadãos das oportunidades tecnológicas do século XXI.

A “Declaração de Luanda”, que será submetida aos órgãos da União Africana, deverá incluir compromissos concretos para potenciar mecanismos africanos de financiamento, reduzir a percepção de risco e harmonizar as políticas públicas nos Estados-membros.

João Lourenço destacou também a importância de parcerias público-privadas e da cooperação com instituições financeiras africanas e internacionais para viabilizar projetos estratégicos nas áreas de energia, transportes, telecomunicações, segurança hídrica e urbanização sustentável.

Durante o seu discurso, o Presidente apresentou os avanços de Angola em matéria de infraestruturas, destacando a construção do novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, a expansão da rede rodoviária e portuária nacional, a execução da barragem hidroelétrica de Caculo Cabaça (2.172 MW) e projetos adicionais com potencial para elevar a capacidade energética nacional para mais de 14.000 MW nas próximas duas décadas.

João Lourenço destacou ainda o Corredor do Lobito como um exemplo de integração regional, sublinhando a sua relevância estratégica para o comércio intercontinental, por reduzir os custos e tempos de transporte entre África, Ásia, Europa e América.

“O desenvolvimento de infraestruturas é um meio para criar empregos, promover o comércio intra-africano, fomentar a integração regional e melhorar as condições de vida das nossas populações”, afirmou.

A cimeira, que decorre até 31 de outubro, pretende facilitar o diálogo entre governos, setor privado e instituições financeiras, com vista à mobilização de financiamento para projetos prioritários em todo o continente.

O Presidente encerrou o seu discurso reafirmando o compromisso de Angola com a integração africana e o desenvolvimento sustentável:

“Nossa ambição é grande: construir as infraestruturas que vão sustentar o desenvolvimento tecnológico, rumo à industrialização dos nossos países e ao futuro das gerações vindouras.”

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