A teoria de que o MPLA marcha contra si  mesmo ganha corpo
pela segunda vez.

Um  alto funcionário da  sede do partido dos camaradas lembrou
o caso de Marcolino Moco, enquanto primeiro-ministro, afastado em meio de protesto de rua seguido de palavras de
ordem como ‘abaixo o bailundo’.

Desta vez a marcha seria contra
uma outra figura de peso: Dino Matross lembrando o caso da destituição de Marcolino Moco que também foi secretário-geral do
MPLA e primeiro-ministro no consulado do finado Presidente José Eduardo dos Santos.

“Membros do MPLA organizaram manifestação contra Marcolino Moco proferindo palavras de ordem como ‘abaixo o tribalismo’, ou  ‘Moco Bailundo’, ‘Bailundo fora’”. Desta vez, prosseguiu, a marcha dos ‘camaradas’ seria contra Dino Matross, sendo assim, “a segun-
da vez que o MPLA marcha contra o MPLA”.

Como referiu o mesmo contacto, a iniciativa de múltiplas candidaturas para a liderança do partido é um princípio que consta dos estatutos, mas vem sendo atropelado desde o tempo de José Eduardo dos Santos, não sendo nova também a necessidade de se ‘injectar’ sempre que necessário ‘sangue novo’ nas
‘artérias’ do partido e do Governo.

“A questão do género é entretanto discutível, porque há determinadas profissões que as mulheres pela sua natureza não podem exercer. Por acaso o senhor já viu uma mu-
lher no garimpo dos diamantes nas Lundas, ou uma mototaxista?”, questionou, avançando que para a Assembleia Nacional, ou para
um cargo no Governo, a questão já é pacífica porque ali é só sentar”, esclareceu.

Notícias postas recentemen-
te a circular nas redes sociais,   dando a entender que o anti-
go secretário-geral do MPLA,
Julião Mateus Paulo (Dino Matross) estaria descontente
com o presidente do Partido e da República,  João Lourenço, precipitaram leituras, dando
a entender que se estaria a ‘lavar roupa’ suja em hasta pública.
Um alto funcionário da sede do MPLA, em Luanda, que “por razões obvias” pediu o  anonimato disse a este jornal que tudo isso
(numa referência à notícia sobre o suposto  descontentamento de Dino Matross com o partido e o seu líder nas redes sociais) radica do princípio, quando foi criado o partido, em meio a clivagens de uns que se diziam os donos e outros que entraram depois e que
se agigantaram, criando os problemas até aos nossos dias.

“É que todos os eventos que o homem leva a cabo têm sempre forma de nascer, uns de forma espontânea, outros de foram estu-
dada e isso determina a forma de se desenvolver e a longevidade do projecto à guisa do MPLA”, defendeu a fonte, acrescentando
que “o que se está a ver agora é a maneira  como o projecto MPLA foi sendo gerido ao longo do tempo”.
Portanto, a crer nesta entidade, “desde há muito tempo, no seio do partido se procurou preservar a lógica de que determinadas coisas ou funções só deviam ser bexercidas por mais velhos”, ou seja, “há assuntos que não deviam ser tratados no seio de pessoas
comuns, mas apenas entre partidários”.

Se está a acontecer o contrário, as pessoas que estão a fazer isso são aquelas que teoricamente diziam que o poder não pode ser exercido na rua, mas são as mesmas que estão a desconstruir essa conduta. “Portanto, são esses mesmos ‘mais velhos’ que agora, como vemos, vão catapultando os jovens  para lugares que naquele tempo diziam eram para eles, os mais velhos”.

Uma prática recorrente

No entender desta entidade os mais velhos estão a desconstruir as coisas que diziam que eram sagradas. “Essa coisa de lavar roupa suja na rua, vem sendo de algum tempo a esta parte uma prática recorrente”, disse, lembrando o caso da destituição de Marcolino Moco que também foi secretário-geral do MPLA e primeiro-ministro no consulado do
finado Presidente José Eduardo dos Santos.
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“Membros do MPLA organizaram manifestação contra Marcolino Moco proferindo palavras de ordem como ‘abaixo o tribalismo’, ou
‘Moco Bailundo’, ‘Bailundo fora’”. Desta vez,  prosseguiu, a marcha dos ‘camaradas’ seria
contra Dino Matross, sendo assim, “a segunda vez que o MPLA marcha contra o MPLA”.

Como referiu o mesmo contacto, a iniciativa de múltiplas candidaturas para a liderança  do partido é um princípio que consta dos es-
tatutos, mas vem sendo atropelado desde o tempo de José Eduardo dos Santos, não sendo nova também a necessidade de se ‘injectar’ sempre que necessário ‘sangue novo’ nas ‘artérias’ do partido e do Governo.

“A questão do género é entretanto discutível, porque há determinadas profissões que as mulheres pela sua natureza não podem exercer.

Por acaso o senhor já viu uma mu-
lher no garimpo dos diamantes nas Lundas, ou uma mototaxista?”,questionou, avançando que para a Assembleia Nacional, ou para um cargo no Governo, a questão já é pacífica
porque ali é só sentar”, esclareceu.

Nessa mesma discussão entra outro quadro de proa também do maioritário que diz que “sempre houve alguma dificuldade de nas discussões internas e quando as coisas agora vêm para cá fora, significa um quadro novo a que devemos ficar atentos, sob pena de sermos ultrapassados pelos outros partidos que também espreitam a governação.

“Uma pequena ‘faísca’ nas redes sociais sobre o presumível posicionamento do veterano Dino Matross já é motivo para se organizar uma marcha?

Mesmo que ele tivesse manifestado na verdade esse tal descontentamento, isso é motivo de manifestação?”, questionou, salientando haver dificuldades de adaptação aos ventos da democracia por causa do passado de orientação comunista.

Entretanto, se é o MPLA a lutar contra o MPLA, no município da Quiçama, um grupo de jovens que se encontrava reunido em conferência a determinado momento abandonou a sala onde decorria o evento, com reclamações de haver “batota no Comité” local.

O momento da algazarra foi por alguém captado e ‘atirado’ nas redes sociais.

Um dos manifestantes que no entanto, não é identificado no vídeo, ainda chegou a apelar à calma e preocupação já que, como referiu “no final quando isso for ao ar é a nossa organização que ficará manchada”. Mas não conseguiu mais que isso, e o assunto veio à rua com toda a carga negativa.
Um político da UNITA entende também que não fica bem um partido como o MPLA entrar em pânico ao pequeno sinal de democraticidade. “Os valores da democracia no
seio dos partidos devem ser observados.

“Se é democracia e isso implica múltiplas candidaturas, porque tem de ser visto como um acto de rebeldia e fraccionismo por parte de quem se manifeste a favor?”, questionou António Pedro Cangombe, indicando que “começa-se a ver que isso é uma questão de mentalidade, pois se ao primeiro sinal de democraticidade a resposta é a marcha, isso já é complicado”.

Rui Kandove, um conhecido politólogo da praça salientou que o partido que sustenta o Governo deve evitar iniciativas que fomentem as especulações, tendo em conta a diversidade de pensamento dos militantes e quadros do MPLA.

O académico entende que “não faz sentido passar a mensagem que no seio dos camaradas há os bons e maus, mas, pode-se admitir pontos divergentes”, defendendo ainda que “a liderança do MPLA deve se posicionar para travar especulações no seio da  organização”. Jornal Pungo a Ndongo

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