A OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, manifestou interesse em adquirir o navegador Chrome do Google, caso as autoridades antitruste dos Estados Unidos obriguem a Alphabet, dona do Google, a vendê-lo. A declaração foi feita por Nick Turley, chefe de produto do ChatGPT, durante um julgamento antitruste em Washington, na terça-feira (22).

O processo, movido pelo Departamento de Justiça dos EUA, busca medidas para restaurar a concorrência no mercado de pesquisas online, onde o Google detém um monopólio, conforme decisão judicial de 2024. A possibilidade de venda do Chrome surge como uma das medidas para reduzir o domínio do Google.

Concorrência em inteligência artificial

O julgamento, considerado de alto impacto, revelou detalhes da competição no setor de inteligência artificial (IA) generativa. Empresas como Meta Platforms, Microsoft e startups disputam espaço para desenvolver aplicações de IA e atrair utilizadores. Promotores alertaram que o monopólio do Google nas buscas pode conferir vantagens na área de IA, direccionando utilizadores para o seu motor de busca.

Turley revelou que a OpenAI tentou, sem sucesso, integrar a tecnologia de busca do Google no ChatGPT. Em julho de 2024, a empresa contactou o Google propondo uma parceria, mas o pedido foi recusado em agosto, com a justificativa de que envolveria “muitos concorrentes”. Actualmente, o ChatGPT utiliza a tecnologia de busca do Bing, da Microsoft.

Desafios do ChatGPT e busca por parcerias

A OpenAI enfrenta dificuldades com seu provedor de busca actual e acredita que parcerias, como o acesso à API do Google, melhorariam a qualidade do ChatGPT. “Ter vários parceiros permitiria oferecer um produto melhor aos utilizadores”, afirmou Turley, segundo um e-mail apresentado no julgamento. Ele destacou que a pesquisa é essencial para fornecer respostas actualizadas e factuais no ChatGPT, mas a ferramenta ainda está longe de responder a 80% das consultas com sua própria tecnologia de busca.

Turley também esclareceu que um documento interno de 2024, onde afirmava que o ChatGPT liderava o mercado de chatbots e não via o Google como principal concorrente, tinha o objectivo de motivar os funcionários da OpenAI. Contudo, ele admitiu que parcerias de distribuição ainda são cruciais para a empresa.

Monopólio do Google e acordos exclusivos

Em agosto de 2024, o juiz Amit Mehta concluiu que o Google mantém seu monopólio nas pesquisas por meio de acordos exclusivos com empresas como a Samsung, garantindo que seu motor de busca seja o padrão em dispositivos novos. Documentos apresentados no julgamento mostram que o Google considerou contratos que incluiriam exclusividade para o Chrome e o aplicativo de IA Gemini, mas optou por flexibilizar acordos recentes com fabricantes como Samsung e Motorola, além de operadoras como AT&T e Verizon, permitindo a inclusão de motores de busca concorrentes.

O Departamento de Justiça propõe que o Google seja obrigado a partilhar dados de pesquisa com concorrentes, medida que, segundo Turley, aceleraria melhorias no ChatGPT. Por sua vez, o Google planeia recorrer da decisão judicial sobre seu monopólio e nega ter colocado o Chrome à venda. Na semana passada, a empresa reiterou que seus acordos não impedem a instalação de produtos de IA concorrentes em novos dispositivos, segundo o executivo Peter Fitzgerald.

O desfecho do julgamento pode redefinir o mercado de buscas online e a concorrência em IA, com implicações significativas para gigantes da tecnologia e utilizadores. CNN-BR

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