A fábrica de cimento (CIF Cement) está em concurso, mas entidades que acompanham o dossier suspeitam da existência de ‘mão oculta’ para favorecer interesses chineses, uma lógica que vem sendo recorrente no país.
A privatização de activos recuperados pelo Estado e que terão sido criados com recurso a fundos públicos tem gerado muito controvérsia e fala-se mesmo em “falta de lisura no processo”.
Empresários com capacidade e interesses no negócio, afirmam não haver transparência necessária e a tendência desses activos serem geralmente atribuídos a companhias chinesas levanta suspeitas “e inibe” a entrada de entidades angolanas sérias e com capacidade de gestão.
A fábrica de cimento (CIF) é um exemplo que tem vindo a arreliar potenciais investidores nacionais que acham que por detrás do processo de privatização existe sempre uma mão invisível que puxa de lado a favor dos chineses.
“Os angolanos que tenham parcerias não devem ser preteridos, porque o único fundamento é terem a capacidade de pôr a CIF a funcionar devidamente, mas o interesse é sempre atribuir o ‘bolo’ a empresas chinesas”, lamentou uma entidade que conhece bem estes dossiers, referindo a necessidade de “termos de ajudar o Presidente João Lourenço”, que embora com vontade de trabalhar para os angolanos, há sempre ao lado gente que tende a atrapalhar as boas iniciativas”.
A CIF Ciment, instalada em Luanda, trabalha neste momento abaixo da capacidade instalada, não tendo, por isso, condições para exportar cimento para os países vizinhos.
“Essa lógica de se atribuir tudo aos chineses é que está na origem da fuga de empresas europeias de participar nos concursos públicos no nosso país”, esclareceu a fonte, indicando que o Chefe de Estado precisa estar por perto com conselheiros que o levem a enxergar a realidade e não aqueles que só estão ai para encher os bolsos, destruindo o que seriam boas práticas para a melhoria da nossa economia.
O concurso para a gestão da CIF foi aberto a 19 de Julho último e de lá para cá vem sendo feita a avaliação das empresas que pretendem entrar na gestão dessa unidade industrial, mas suspeita-se que “tal como outros empreendimentos recuperados este venha também a cair nas mãos dos chineses”.
Um alto responsável do Ministério da Indústria e Comércio abordado por este jornal disse que a ideia do Governo é de confortar todos os concorrentes e escolher aquele que melhor proposta apresentar para ficar com a fábrica cuja manobra conta com 106 meios rolantes e 101 trabalhadores, 78 dos quais nacionais e 23 expatriados.
Em pleno funcionamento, esta unidade industrial tem a capacidade de produzir 3,6 milhões de toneladas de cimento anuais, num sector onde há outros operadores como a Cimangola, com 2,6 milhões de toneladas, FCKS, com 1,6 milhões, Cimenfort, com 1,4 milhões e a Secil, com 0,3 mil toneladas de cimento anuais.
Com uma diversidade de fábricas, o país está apto para inundar o mercado e abastecer mercados vizinhos, como da República Democrática do Congo (RDC) ou da Zâmbia, usando corredores rodoviários e ferroviários, no caso da Zâmbia. Jornal Pungo a Ndongo