Após denúncias sobre o envolvimento de governantes e altas patentes do País, PGR prometeu apresentar a lista de figuras implicadas. Passados quatro meses, ainda não o cumpriu, por alegada complexidade do processo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) comprometeu-se, em Outubro do ano passado, a revelar os nomes dos ‘gurus’ implicados no contrabando de combustível, mas, até ao momento, ‘nem água vai, nem água vem’. Ao NJ, a instituição sublinha que o processo de investigação continua, mas sob égide das autoridades nas províncias afectadas.

Segundo o porta-voz da PGR, Álvaro João, a investigação continua a decorrer, embora admita dificuldades na localização dos presumíveis autores, “por força da lealdade das pessoas que dão a cara”.

“Quem dá a cara são outras pessoas, são essas pessoas que, se não abrirem a boca para dizer que estão a fazer o negócio em nome de terceiros, torna-se difícil ter acesso à lista (dos políticos e altas patentes implicados). Dizer que esse negócio é do ciclo secreto, são negócios ilegais”.

Para o porta-voz da PGR, “a participação de indivíduos com certo poderio é evidente”, pela complexidade do fenómeno, que exige uma ‘engenharia’ financeira e política por parte dos prevaricadores.

Álvaro João sublinha que os processos sobre a investigação dos implicados no contrabando dos combustíveis ainda não tramitaram para a PGR [Luanda], mas decorrem ao nível das regiões onde se assiste a este fenómeno.

O ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, denunciou, em Setembro último, na cidade do Soyo, Zaire, o envolvimento de altos dirigentes do País no contrabando de combustível.

Como o NJ havia noticiado, Francisco Furtado destacou que, entre os envolvidos, estão governantes, antigos governantes, oficiais generais, oficiais comissários, autoridades administrativas, provinciais e municipais, bem como autoridades tradicionais.

Após denúncias da Casa Militar, o Presidente da República, durante o seu discurso sobre o Estado da Nação, em Outubro do ano passado, no Parlamento, acusou também políticos e parlamentares de estarem envolvidos no contrabando de combustível, defendendo que devem ser “exemplarmente punidos”.

Na sequência, a vice-procuradora-geral da República, Inocência Pinto, disse, em Outubro do mesmo ano, em Luanda, no fim do seminário sobre ‘Prevenção e Branqueamento de Capitais e do Crime Organizado’, que a PGR estava a investigar os cidadãos suspeitos e que os nomes dos implicados seriam divulgados oportunamente.

“A PGR vai cuidar de levar à barra dos tribunais todos os cidadãos suspeitos de envolvimento no contrabando de combustível. Não podemos avançar agora os nomes. Ao seu tempo, a Procuradoria há-de fazer um comunicado a dar nota do que se passa relativamente a isso”, garantiu. NJ

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