Portugal desceu cinco posições no Índice de Qualidade das Elites (EQx) 2025, ocupando agora o 30.º lugar entre 151 países, igualando os piores registos de 2021 e 2023. A queda reflete fragilidades económicas, como a fuga de talento, baixo crescimento da produtividade e dificuldades na atração de investimento em tecnologias inovadoras, como a inteligência artificial (IA).

Segundo a Faculdade de Economia do Porto (FEP), parceira nacional do índice elaborado pela Universidade de St. Gallen, na Suíça, o recuo mais significativo ocorreu no pilar de “destruição criativa”, que avalia a renovação do tecido económico. Portugal enfrenta dificuldades na captação de investimento privado em IA, área onde está mal posicionado. Além disso, persistem problemas estruturais, como desemprego jovem elevado, reduzida participação na força de trabalho e falta de acesso à habitação.

Desempenho Político e Económico

No âmbito político, a deterioração de indicadores como corrupção, desigualdade de rendimento e complexidade regulatória foi parcialmente compensada por avanços na liberdade de imprensa, empoderamento feminino e qualidade da regulação. Contudo, no valor político, indicadores como serviços públicos online, mortalidade por abuso de substâncias e a elevada taxa de IRC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas), onde Portugal mantém a 114.ª posição, continuam a preocupar.

Por outro lado, houve progressos notáveis, como a melhoria no rácio da dívida pública, com Portugal a subir da 137.ª para a 63.ª posição, e no desempenho ambiental.

Tendência de Deterioração

A FEP destaca que a queda no ranking confirma uma tendência de deterioração desde o período pré-pandemia, com perdas na capacidade de gerar valor económico superando os ganhos políticos. “A redução da qualidade das elites, ligada a fragilidades estruturais, dificulta uma resposta eficaz aos desafios globais”, conclui a instituição.

Contexto Global

Globalmente, Singapura lidera o EQx 2025, enquanto os Estados Unidos subiram do 16.º para o 2.º lugar, impulsionados pelo desempenho em IA. A Suíça caiu para o 3.º lugar, e apenas três países europeus (Suíça, Reino Unido e Alemanha) permanecem no top 10. A China, com avanços em IA, subiu para o 19.º lugar, enquanto a Índia progrediu para o 60.º e o Brasil recuou para o 72.º.

O EQx avalia a capacidade das elites de criar valor para a sociedade, com base em 149 indicadores agrupados em quatro dimensões: poder económico, poder político, valor económico e valor político. A edição de 2025 reforça a importância da inovação tecnológica na reconfiguração global do valor criado pelas elites. JN

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