O ex-ministro das Finanças das Maurícias, Renganaden Padayachy, e o ex-governador do banco central, Harvesh Seegolam, foram detidos em 9 de abril por suspeita de “fraude e abuso de posição”. A detenção está relacionada com uma investigação sobre o alegado desvio de fundos na Mauritius Investment Corporation (MIC), uma empresa detida integralmente pelo Banco das Maurícias (BoM).
Segundo a Comissão de Crimes Financeiros (FCC) das Maurícias, a investigação foca-se no suposto desvio de 300 milhões de rupias mauricianas (equivalente a 6,6 milhões de dólares). Ambos os detidos negaram qualquer irregularidade.
Origem da investigação
A investigação foi desencadeada após o governo eleito em novembro de 2024 ordenar uma auditoria às finanças públicas. A MIC foi criada durante a pandemia da Covid-19 com o propósito de ajudar empresas a enfrentar os impactos económicos do confinamento.
A campanha eleitoral de novembro foi marcada por preocupações económicas e democráticas, incluindo um escândalo de escutas telefónicas que prejudicou o partido no poder. A coligação liderada pelo atual primeiro-ministro, Navin Ramgoolam, obteve uma vitória confortável, permitindo o seu regresso ao poder após uma década na oposição.
Desembolsos ilegais e pressões políticas
De acordo com a AFP, a polícia investiga alegados desembolsos ilegais de cerca de um milhão de dólares da MIC à Menlo Parks Ltd/Pulse Analytics, empresa classificada como de alto risco (nível 5). Um diretor da MIC afirmou aos investigadores ter sido “forçado a efetuar o pagamento, a 27 de outubro de 2024, pouco antes das eleições legislativas, por ordem de Seegolam”.
Jitendra Bissessur, ex-CEO da MIC, terá corroborado as acusações, alegando ter sofrido pressões diretas do ex-ministro das Finanças. Durante audiência na FCC, Padayachy negou qualquer envolvimento, insistindo que a MIC está sob alçada do Banco das Maurícias.
O “Acordo Apavou” e outras investigações
Um dos focos da investigação é o chamado “Acordo Apavou”, descrito pelo jornal L’Express Maurice como uma “transação duvidosa” no valor de 2,4 mil milhões de rupias (52,6 milhões de dólares), que era inicialmente de 2,1 mil milhões (46 milhões de dólares), com uma diferença inexplicada de 300 milhões de rupias.
O caso MIC mobiliza uma equipa de investigadores da Comissão de Crimes Financeiros, que avança em “vários casos em paralelo”, envolvendo outras “empresas que recebem fundos públicos”.
Entre as ramificações mais significativas está uma transação de 30 mil milhões de rupias (657,4 milhões de dólares) entre a State Trading Corporation (STC) e o Mercantile & Maritime Group (MMG), sediado no Bahrein. Esta compra de combustíveis foi realizada “sem concurso público”, suscitando fortes críticas dentro do Ministério do Comércio devido à falta de transparência. Analistas indicam que estas investigações poderão levar a mais detenções a curto e médio prazo. Expansão
