Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, foi condenada a quatro anos de prisão a cumprir com etiqueta eletrônica e ficará impedida de exercer cargos públicos nos próximos cinco anos. A sentença abala profundamente o futuro político da figura central da direita radical na França.

Detalhes da Condenação

O tribunal determinou que houve um prejuízo total de 2,9 milhões de euros desviados durante mais de 11 anos, “ao longo de três legislaturas”, quando eurodeputados do RN (Reagrupamento Nacional, antigo Frente Nacional) fizeram com que “o Parlamento Europeu pagasse a pessoas que estavam efetivamente a trabalhar para o partido” de extrema-direita.

Os 12 assistentes julgados juntamente com os eurodeputados foram igualmente considerados culpados de manipulação de bens roubados.

Consequências para as Eleições de 2027

Esta condenação impõe automaticamente uma pena de inelegibilidade para Le Pen, de 56 anos, o que pode impedi-la de concorrer nas eleições presidenciais francesas previstas para 2027, nas quais seria candidata à sucessão do Presidente Emmanuel Macron. Ainda não está determinado se a inelegibilidade será “provisoriamente executória” e, portanto, de aplicação imediata.

Durante o julgamento, que durou nove semanas no final de 2024, Le Pen argumentou que a inelegibilidade “teria o efeito de me privar de ser uma candidata presidencial” e privar os seus apoiantes, descrevendo a possibilidade como uma “morte política”.

Futuro da Liderança no Partido

Se Le Pen ficar impossibilitada de concorrer em 2027, o seu sucessor natural será o eurodeputado Jordan Bardella, de 29 anos, que assumiu a direção do partido em 2021, quando este já havia sido renomeado de Frente Nacional para União Nacional (RN).

A atual presidente do grupo na Assembleia Nacional francesa e presidente do RN entre 2011 e 2021 viu o apoio eleitoral do seu partido crescer consistentemente nos últimos anos, tendo ficado em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2017 e 2022.

Origem do Caso

Em 2015, o Parlamento Europeu lançou um alerta às autoridades francesas sobre a possível utilização fraudulenta de fundos pelo antigo partido Frente Nacional. A investigação apontou para o grande número de contratos de assistentes parlamentares que, embora pagos com recursos europeus, trabalhavam total ou parcialmente para o partido entre 2004 e 2016.

Reações Internacionais

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, manifestou apoio a Marine Le Pen após a condenação. “Je suis Marine!” (“Eu sou Marine”), publicou o líder nacionalista em francês na plataforma X.

Le Pen e seus co-arguidos, que sempre negaram qualquer irregularidade no uso de fundos europeus, podem recorrer da decisão, o que levaria a um novo julgamento. Lusa-DW

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