Não posso deixar de me debruçar sobre as questões relativas à paz e segurança no nosso continente, que têm merecido, de cada um de nós, uma atenção muito particular e sempre com o propósito de buscarmos as melhores soluções para os diferentes conflitos com que a África se confronta.
Coube-nos a tarefa de empreender, por decisão da União Africana, esforços e iniciativas que possam ajudar a encontrar soluções para o diferendo existente entre a República do Ruanda e a República Democrática do Congo.
Com este objectivo , encetámos um conjunto de diligências e iniciativas diplomáticas com vista à resolução definitiva deste conflito armado que se desenrola no leste da RDC e que tem sérias consequências para a economia e a vida quotidiana dos cidadãos congoleses.
Apesar dos esforços já envidados e dos avanços registados, a situação no Leste da RDC continua a merecer de todos nós uma atenção muito particular para se conter a intensificação dos confrontos e recuperar-se a confiança entre as partes de modo a garantir-se o cabal cumprimento do Processo de Luanda.
Congratulamo-nos com o facto de, no dia 30 de Julho do corrente ano, termos realizado com sucesso em Luanda a segunda reunião ministerial entre delegações da RDC, do Ruanda e de Angola, tendo-se acordado o cessar-fogo entre as partes em conflito, com entrada em vigor às 00H00 do dia 4 de Agosto corrente, a ser monitorado de perto pelo Mecanismo de Verificação que será reforçado por especialistas a indicar pela RDC, o Ruanda e Angola.
Relativamente ao conflito no Sudão, saliento o facto de que, apesar da crescente preocupação com o aumento da instabilidade e do agravamento da crise humanitária, a mais recente criação do Comité Presidencial Ad Hoc para o Sudão, na sequência de uma decisão tomada pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana, dá-nos a esperança de que conseguiremos chegar ao diálogo entre as partes para a negociação da paz duradoura.
A par destes conflitos, é importante referir que a República de Angola continua a acompanhar com grande preocupação o diferendo entre a Rússia e a Ucrânia e o que envolve Israel e a Palestina.
Os acontecimentos dos últimos dias contra Beirute e Teerão não abonam a favor da paz no Médio Oriente que, com altos e baixos, vinha sendo negociada com a mediação do Qatar e do Egipto, com o encorajamento de toda a comunidade internacional.
Continuamos a defender a necessidade de que a comunidade internacional, ao nível adequado, revigore o seu papel no sentido de ajudar a construir uma solução urgente e definitiva para os mesmos, uma vez que qualquer um deles poderá degenerar num conflito de intensidade, consequências e proporções globais.
É possível evitar-se um tal desfecho, enveredando-se pela implementação das pertinentes resoluções das Nações Unidas sobre a criação do Estado da Palestina e pelo diálogo na base das normas que regem as relações internacionais.

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