Segundo a Lusa, só 1.200 casos foram detectados numa semana, refere a contagem do África CDC, que especifica a listagem de diversas variantes do vírus e acrescenta que há 3.101 casos confirmados, 15.636 suspeitos e 541 mortes notificadas em 12 países do continente. Foram registados mais casos desde o início de 2024 do que em todo o ano de 2023 (14.838).
O mais recente surto de Mpox, anteriormente chamada de ‘varíola dos macacos’, é causado pelo ‘clade I’, da África Central, que é diferente do que causou o surto em 2022, com vários casos na Europa, o ‘clade II’, da África Oriental.
A República Democrática do Congo (RDC), epicentro da epidemia, é responsável pela quase totalidade dos casos registados com 16.800 suspeitos ou confirmados, segundo a fonte.
Mais de 500 mortes foram registadas desde o início de 2024. As 26 províncias do país com cerca de 100 milhões de habitantes registaram casos.
O Burundi, que faz fronteira com a RDC, registou 173 casos (39 confirmados, 134 suspeitos), um aumento de 75% numa semana.
UE analisa novas medidas de emergência
A União Europeia (UE) vai analisar, amanhã, novas medidas para responder à emergência de saúde pública internacional declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), devido ao actual surto de Mpox na República Democrática do Congo (RDC).
O Comité de Segurança da Saúde da UE, composto por especialistas da Comissão Europeia e dos Estados-membros, convocou uma reunião técnica, confirmou a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, citada pela agência noticiosa EFE.
Este comité coordena a resposta rápida da UE às ameaças sanitárias transfronteiriças graves, coordena o intercâmbio de informações sobre medidas específicas tomadas por cada país e, juntamente com a Comissão Europeia, define as acções a tomar em termos de preparação, planeamento, comunicação de riscos e respostas.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) anunciou, na sexta-feira, numa avaliação de risco actualizada, que é “muito provável” que haja mais casos importados de Mpox, mas descartou que possa haver um contágio contínuo se forem tomadas as medidas adequadas rapidamente.
O ECDC apelou para a vigilância eficaz, testes laboratoriais, investigação epidemiológica e capacidade de rastreio de contactos, iniciativas semelhantes às preconizadas pela OMS.
Os especialistas admitem que a nova variante Mpox se pode propagar facilmente através do contacto próximo entre dois indivíduos, sem que seja necessário contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022, que na altura deu origem a outro alerta semelhante, levantado em Maio passado, depois de a sua propagação ter sido contida.
Moçambique eleva nível de alerta
O Ministério da Saúde de Moçambique elevou, na sexta-feira, o nível de alerta face à nova variante do vírus Mpox e avançou que o país desenhou um “plano de resposta” à doença, embora sem registo de qualquer caso.
“Em Moçambique, não havendo casos actualmente, não declaramos uma emergência. O que nós fizemos é elevar o nível de alerta”, declarou Quinhas Fernandes, director nacional de Saúde Pública, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Segundo Quinhas Fernandes, face à declaração internacional da doença como um surto, além de elevar o nível de alerta, as autoridades moçambicanas desenharam um plano de resposta. “Elevamos o nível de alerta para permitir acções de prevenção e preparação par a necessidade de uma eventual resposta”, declarou.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na semana passada, o surto de Mpox em África como emergência global de saúde, com casos confirmados entre crianças e adultos de mais de uma dezena de países e uma nova variante em circulação.
A OMS pediu uma resposta internacional unificada, perante a identificação da nova variante do vírus na Europa (Suécia), um dia após a notificação do primeiro caso na Ásia (Paquistão).
A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho afirmou que a doença afecta, particularmente, as comunidades marginalizadas, que necessitam de informação clara sobre a forma de se protegerem e de identificarem os sintomas.
Também precisam de ser convencidas a procurar assistência médica quando há sinais de infecção e, para isso, o estigma em torno da doença, que é a principal razão pela qual as pessoas não procuram ajuda, deve ser combatido.
De acordo com a OMS, existe, actualmente, meio milhão de uma das duas vacinas que foram desenvolvidas em processos rápidos contra o Mpox, podendo ser produzidas mais 2,5 milhões de doses no próximo ano.
Trata-se de uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas também é transmitida por contacto físico próximo com uma pessoa infectada com o vírus.
O Mpox foi descoberto pela primeira vez em seres humanos em 1970, República Democrática do Congo (antigo Zaire), com a propagação do subtipo clade I (do qual a nova variante é uma mutação), que desde então tem estado principalmente confinado a países da África Ocidental e Central, onde os doentes são geralmente infectados por animais.
Em 2022, uma epidemia mundial do subtipo clade II propagou-se a uma centena de países onde a doença não era endémica, afectando principalmente homens homossexuais e bissexuais.
A OMS declarou um alerta máximo em Julho de 2022 em resposta a este surto mundial, mas levantou-o menos de um ano depois, em Maio de 2023. A epidemia causou cerca de 140 mortes num total estimado de 90 mil casos. Jornal de Angola
