Este partido recebe trimestralmente cerca de 3 mil milhões e 600 milhões de kwanzas, e parte desse dinheiro é canalizado ao Bloco Democrático, com quem firmou aliança eleitoral, através da Frente Patriótica Unida (FPU)

Fonte deste jornal revela que o Bloco Democrático (BD) recebe 36 por cento deste valor, decorrente de um alegado acordo selado entre os dois partidos, na véspera das eleições gerais de 2023, mas desconhecido por muitos membros das duas forças políticas.

Do lado da UNITA, o assunto é do domínio de um grupo restrito de quadros e membros da Comissão Política do Comité Permanente(CP CP) , e está a ser marcado por um secretismo absoluto para se evitar um mal-estar no seio dos militantes, amigos e simpatizantes desta força política.

Familiarizada com este ‘dossier, que considera de “muito quente”, a fonte conta ao Pungo a Ndongo que o assunto está a levantar alguma animosidade interna, por falta de transparência pela como o dinheiro está a ser aplica do, sendo que o partido queixa-se constante mente da falta de verbas para fazer funcionar a sua máquina administrativa.

O problema da alegada falta de transparência da gestão do dinheiro proveniente do Orçamento Geral do Estado (OGE), segundo a fon te, remonta ao ano de 2021, altura em que o político Adalberto Costa Júnior assumiu a liderança do partido, em substituição de Isaías Samakuva que tinha recusado a concorrer a mais um mandato, depois de 16 anos ininterruptos à frente da UNITA.

Bloco Democrático

Entretanto, a cedência de cerca de 30 por ceto ao BD está a ser criticado nos bastidores e o assunto pode ser discutido numa das próximas reuniões, para melhor entendimento, reforça a fonte, um velho militante do ‘galo negro’ e membro da CPCP.

Revela que o partido vêm se batendo com inúmeras dificuldades financeiras para resolver algumas prementes questões administrativas internas, tais como a com pra de papel, tintas, computadores e outros materiais de uso corrente, não só no secretariado- geral do partido, mas também nos secretariados provinciais e municipais, pelo qual “não devia ser retira do um único tostão” o Bloco Democrático.

Justifica que a UNITA tem muitos passivos internos para resolver, e não devia dar-se ao luxo de tirar parte do seu dinheiro para o Bloco Democrático, quando tem problemas para pagar salários aos seus funcionários que trabalham em várias áreas, incluindo a comunicação social interna.

Fugas na ‘Despertar’

Em conversa com este jornal, a nossa fonte  deplora as condições em que labutam os profissionais da Rádio Despertar Comercial (RDC) e da TV Raiar, órgãos tutelados pela UNITA, mas que enfrentam inúmeras dificuldades para exercerem com dignidade as suas actividades.

Um dos maiores problemas apontados são os baixos salá rios que os escribas auferem, e com algum atraso.

Em função dos baixos salários, muitos jorna listas, técnicos de som e outros, de reconheci da competência, deixaram estes dois órgãos, indo para outros em busca de melhores condições de trabalho e de melhores oportunidades. São repórteres e editores, tanto em Luan da como noutras províncias.

Infra-estruturas

Por outro lado o mesmo contacto avança que em Luanda, a maior praça eleitoral, onde nas

últimas eleições gerais esta força política ganhou três deputados, algumas infra-estruturas que albergam os secretariados municipais funcionam em condições precárias e não se justifica que um partido com um orçamento de mais de 3 mil milhões de kwanzas trabalhe nessas condições.

Além de Luanda, o Huambo e o Bié que têm novas sedes, construídas de raiz, as restantes circunscrições trabalham em condições deploráveis, embora possuam instalações próprias, algumas precisam de reabilitação, para conferir-lhes alguma dignidade, como é o caso do Cuanza Sul.

Nova ‘presidência’

A fonte acrescenta ainda que a UNITA, sendo a segunda maior força política do país, precisa de uma nova ‘presidência’, justificando que as actuais instalações onde funciona o seu presidente, no distrito da Maianga, são pequenas para albergar os vários serviços auxiliares.

“Nunca se pensou em construir uma nova presidência do partido. A da Maianga é muito pequena. Há muito espaço aí no SOVSMO, em Viana, mas ninguém diz nada. A FNLA tem uma sede melhor do que a nossa”, desabafa.

Avança que a UNITA tem de acompanhar a dinâmica de outros partidos, principalmente do MPLA, seu principal concorrente político, em termos de investimentos de infraestruturas, pois” não basta querer o poder, mas é preciso começar a investir nisso agora”.

BD entra ou sai?

Com um pé dentro e outro fora, o Bloco Democrático, agora sob liderança de Filomeno Vieira Lopes, ainda não se definiu se antes das próximas eleições, em 2027, continuará na ‘boleia’ da UNITA para participar nelas, já que continuam as divergências in ternas de integrar em definitivo o partido do ‘galo negro’.

Fontes bem informadas contaram ao Pungo a Ndongo que grande parte dos militantes, com realce para os quadros, que rem um Bloco Democrático forte e coeso que comece a trabalhar e participe activamente no próximo pleito eleitoral, sem precisar de ‘muletas’ como aconteceu em 2023.

O ex-líder do BD, Justino Pinto de Andrade, foi apontado, pelos seus correligionários, como sendo o dirigente que sempre de fendeu que o partido não devia caminhar sozinho, mas coligado, daí ter entrado para a CASA-CE, mas que foi sol de pouca dura.

Isto foi demonstrado recentemente na província do Bié, centro do país, onde quase ‘desconseguiu’ realizar um acto de massas, tendo recorrido à UNITA que para o efeito mobilizou militantes para evitar o elevado grau de absentismo no acto.

Com o fim da coligação, após o desaire sofrido nas últimas eleições em que per deu 16 deputados, a CASA-CE parece mais uma manta-de-retalho do que propriamente uma coligação de partidos políticos e muitos entes já pensam em retirar-se desta frente política, presidida por Manuel Fernandes.

Fonte: Pungo a Ndongo

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