O sector petrolífero representa a quase totalidade do investimento estrangeiro em Angola, detendo 96% do total no primeiro semestre, um claro sinal de que o petróleo continua a ser o sector que garante maior confiança aos investidores. Já os angolanos investiram só 15,7 milhões USD no exterior.
O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) fora do sector petrolífero cresceu 197% no I semestre deste ano face ao período homólogo, ao passar de 60,1 milhões USD para 178,3 milhões USD. Três terços desse valor foram investidos entre Janeiro e Março, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas do Banco Nacional de Angola (BNA).
Por outro lado, no sector petrolífero o investimento estrangeiro cresceu 5,7%, ao passar de 4.261,0 milhões USD entre Janeiro e Junho de 2023 para 4.503,6 milhões, equivalente a mais 242,6 milhões USD. Na base está o crescimento do sector petrolífero com a reactivação de projectos paralisados, bem como o aumento do nível de actividade de perfuração de poços, já que o sector petrolífero mostra alguns sinais de recuperação depois das paragens forçadas para manutenção nalgumas plataformas petrolíferas.
No primeiro semestre, Angola produziu quase 204,6 milhões de barris de petróleo, equivalente a uma média diária de 1,124 milhões de barris, o que representa um crescimento de 5% face aos 1,069 milhões produzidos diariamente em média no I semestre do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão.
Assim, o sector petrolífero representa a quase totalidade do investimento estrangeiro em Angola. No primeiro semestre, o oil & gas representou 96% do total de investimento estrangeiro que o País captou.
Para Heitor Carvalho, economista e director do CINVESTEC, o sector dos petróleos continua e vai continuar a dominar a economia, como comprova o fraco investimento fora desse sector, ainda que tenha garantido 118 milhões USD a mais nesta metade do ano do que no mesmo período do ano passado. Isto, depois de ter registado em 2023 o pior ano em termos de investimento estrangeiro fora do sector petrolífero desde que há registos, com a excepção de 2020, devido à pandemia da Covid-19, quando o País registou apenas, 113,4 milhões USD. “O IDE não- -petrolífero é residual e sem influência de nota na diversificação ou no crescimento económico”, admite.
O investimento directo estrangeiro ocorre quando uma entidade não residente em Angola compra total ou parcialmente uma empresa no País, adquirindo uma participação do seu capital, com o objectivo de controlar ou influenciar a sua gestão. Além das aquisições de empresas existentes, o IDE inclui a constituição de novas empresas ou sucursais, aumentos de capital, reinvestimento de lucros e prestações suplementares, entre outras operações.
Angolanos só investiram 15,7 milhões USD lá fora
Ao contrário dos estrangeiros que investiram no sector petrolífero e no não petrolífero mais 227,7 milhões USD em Angola, em termos homólogos, os angolanos contraíram os seus investimentos no exterior. O investimento directo angolano no estrangeiro caiu 32% para 15,7 milhões USD nos primeiros seis meses do ano, menos 7,5 milhões face ao mesmo período do ano passado. O que os angolanos investiram lá fora vale apenas 0,3% do total do investimento directo estrangeiro neste período. Há sete anos e meio que os angolanos não investem no sector petrolífero lá fora.
Durante muitos anos o investimento angolano no estrangeiro foi direcionado para o sector petrolífero, tendo registado o volume mais alto em 2017 (1.352,0 milhões USD). Mas, de lá para cá, a trajectória inverteu- -se. Os angolanos deixaram de investir no oil & gás no estrangeiro e passaram a direcionar os seus investimentos para o sector não petrolífero, no exterior. Expansão