A venda de diamantes lá para fora vale um pouco menos de 4% do total das exportações do País. Os investimentos neste sector que vale quase 1,8% do Produto Interno Bruto estão a cair, o que compromete os planos do Governo em atingir nos próximos tempos os 14 milhões de quilates por ano.

Angola tem um potencial de reservas diamantíferas no leste, norte e centro do País, a rondar os 732 milhões de quilates, dos quais 620,8 milhões, representando 85% do total, estão localizados na mina do Luele, e 81,2 milhões (11%) estão em Catoca, indicam dados da ENDIAMA referentes ao I semestre de 2024.

A informação foi divulgada, na semana passada, durante a apresentação do relatório de balanço sobre a produção de diamantes, durante o período em referência, e perspectivas para o II semestre do corrente ano, apresentado por Miguel Vemba, director de operações mineiras e gestão de participações da ENDIAMA.

Contas feitas pelo Expansão com base nos dados da diamantífera estatal nacional, só os depósitos primários (kimberlitos – jazidas em rocha) em termos de reservas, representam 96,4% do total das reservas até agora estimadas, ou seja, mais de 705 milhões de quilates, enquanto os aluviões (depositados em rios) correspondem a quase 27 milhões, ou seja, correspondem a apenas 3,7% do potencial calculado.

O balanço é resultado das informações geológicas de 24 minas em operações, das quais apenas 19 disponibilizaram os dados referentes às reservas das referidas minas. O director de operações referiu que os dados referentes às reservas demonstram que o potencial kimberlítico de Angola é 26 vezes mais do que o aluvionar.

Voltando aos números das reservas, dos 732 milhões de quilates, 709 milhões são reservas provadas, com a maior contribuição a ser proveniente do Luele e de Catoca, os dois maiores kimberlitos do País até agora em exploração. As duas minas, em termos de reservas, segundo as contas do Expansão, representam quase 96% do potencial diamantífero do País.

O mapa dos diamantes em Angola indica que as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Bié, Cuanza Sul e Huambo apresentam alto potencial diamantífero. Ou seja, há espaço para que sejam ali encontradas mais reservas. Até agora as regiões do Uige, Zaire, Luanda e Bengo não têm probabilidades de existência de diamantes em terra.

Investimentos no subsector dos diamantes

Os investimentos no subsector dos diamantes em Angola registaram um decréscimo nos primeiros seis meses do ano. Entre Janeiro e Junho os investimentos registaram, em termos globais, um tombo de 64,2%, face ao mesmo período do ano passado.

De acordo com os dados da ENDIAMA, apenas foram investidos 87 milhões USD no I semestre de 2024, quando a previsão era de investir 403,8 milhões USD. Segundo as contas da diamantífera, o valor em referência equivale a apenas 22%, em termos de execução relativamente ao planeado e espera-se que neste segundo semestre sejam executados o restante. Os números indicam que a conjuntura da crise económica e as incertezas no mercado internacional de diamantes continuam a impactar negativamente na actividade mineira em Angola.

Os investimentos em depósitos primários, durante o período em análise, também registaram uma quebra de 74%, saindo dos 198 milhões USD investidos, nos primeiros seis meses de 2023, para os 50,7 milhões entre Janeiro e Junho deste ano. A Sociedade Mineira do Luele foi a que mais investiu este ano. Durante o período em referência, os investimentos no Luele já atingiram os 40 milhões USD, superando os 2,2 milhões USD realizados em igual período do ano passado, ou seja, os investimentos na mina do Luele superaram os 1.680% este ano se comparado com o realizado em 2023.

Em sentido contrário, os investimentos de Catoca caíram 95% para 9,3 milhões USD nos primeiros seis meses deste ano, o que compara com os 192,3 milhões USD investidos no período homólogo. Catoca enfrenta dificuldades para colocar diamantes no mercado devido à presença na sua estrutura accionista da gigante russa Alrosa, que enfrenta várias sanções internacionais devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Já os investimentos nos jazigos aluvionares registaram uma queda de 26%, saindo dos 49 milhões USD realizados entre Janeiro e Junho de 2023, para os 36,1 milhões deste ano. Expansão

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