A Gemcorp, empresa com raízes na Rússia, cujos investidores estão ligados ao Presidente russo Vladimir Putin, iniciou uma campanha discreta de lobby em Washington e Londres para não ser afectada pelas sanções ocidentais e continuar a operar livremente, sobretudo em África.

Os países ocidentais, aliados da Ucrânia, tem estado a reforçar as sanções aplicadas ao ditador russo que há cerca de um ano invadiu, sob falso pretexto, o país vizinho. Até ao momento, a Gemcorp é uma das poucas empresas com laços ao Kremlim que ainda conheceu sanções directas mas viu as suas actividades dificultadas em função das sanções a parceiros russos.

A relação da Gemcorp com oligarcas russos é uma questão que aumentou o interesse da imprensa ocidental, que vem estudando as suas operações para conseguir contornar as sanções ocidentais.

A empresa tem direccionado nos últimos tempos suas baterias para o continente africano. Chama atenção dos pesquisadores, que o governo russo e seu braço armado, chamado Wagner – envolvido na invasão a Ucrânia, também têm dedicado especial atenção ao continente berço nos últimos. Uma acção orientada pelo Kremlin? Pesquisadores ainda não conseguiram responder a essa questão.   

A Gemcorp se apresenta como investidora em mercados emergentes. Segundos pesquisadores, realmente há oportunidades significativas de negócios em áfrica, mas além disso o interesse da empresa é por causa da vulnerabilidade dos Estados africanos, parte deles governados por ditadores e onde os níveis de corrupção facilitam as suas operações.

Em Angola, um dos maiores mercados da Gemcorp, a situação não é diferente. A empresa entrou pelas mãos de pessoas próximas do antigo ditador José Eduardo dos Santos e permanece fruto de relações promiscuas com figuras próximas ao actual presidente João Lourenço.

Um dos casos mais notáveis é o recente apoio que deu ao político/jurista Carlos Feijó, que deseja comprar o banco BFA, recebido pelo Estado a Isabel dos Santos no âmbito da recuperação de activos construídos com dinheiro público.

Feijó é uma figura influente no partido governante, MPLA e serviu directamente José Eduardo dos Santos. A actual constituição da República de Angola que acabou com as eleições presidenciais e colocou o Presidente da República acima de todos os poderes, fazendo deles todo-poderoso, é obra de suas mãos.

Pesquisadores dizem que uma característica marcante da Gemcorp é sua abordagem reservada e discreta para conduzir negócios. Essa falta de transparência já foi denunciada várias vezes. O problema, é que em países como Angola, onde o poder político se sobrepõe ao poder judicial, as denúncias acabam sempre num caixote de lixo. Críticos argumentam que, embora o investimento em mercados emergentes possa ser uma oportunidade valiosa para o crescimento económico, é essencial que as empresas operem com total transparência e responsabilidade.

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