Um esquema secreto, conhecido como “O Projeto”, envolveu o Partido Socialista (PS) de Portugal e a extinta agência ADBD Communicare na criação de cerca de 300 perfis falsos nas redes sociais durante a campanha para as eleições legislativas de 2019. A revelação levanta questões éticas e legais sobre a manipulação de opinião pública em processos democráticos.
Durante a campanha eleitoral de 2019 em Portugal, o Partido Socialista (PS), liderado por António Costa, teria orquestrado um plano secreto de manipulação digital, apelidado internamente de “O Projeto”. Segundo informações divulgadas, a agência de comunicação ADBD Communicare, que encerrou actividades em 2024, foi contratada para criar aproximadamente 300 perfis falsos nas redes sociais. O objectivo era disseminar mensagens de apoio ao PS, amplificar a popularidade de António Costa e influenciar sondagens online durante os debates televisivos.
Miguel Lopes, de 33 anos, ex-membro da equipa da ADBD, revelou detalhes do esquema. “Fui instruído a criar contas falsas para publicar comentários favoráveis ao PS e a António Costa, além de votar em sondagens online a favor do partido”, afirmou. As operações eram conduzidas com extremo sigilo, recorrendo a redes públicas, como cafés, e ferramentas de anonimato, incluindo VPNs, softwares encriptados e navegadores como o Tor Project.
Na época, as redes sociais já desempenhavam um papel central nas campanhas políticas, sendo vistas como um campo de batalha para conquistar a opinião pública. O PS, segundo as denúncias, apostou num exército de bots para garantir vantagem sobre adversários, como Rui Rio, líder do Partido Social Democrata (PSD).
A revelação do esquema levanta sérias questões sobre a ética na comunicação política e a integridade dos processos democráticos. Em Angola, onde a Lei de Imprensa (Lei n.º 5/17) sublinha a importância da verdade, transparência e respeito pelos direitos dos cidadãos, práticas como a manipulação de redes sociais seriam passíveis de investigação por violarem os princípios de liberdade de expressão e informação fidedigna.
Embora o caso tenha ocorrido em Portugal, a sua divulgação serve como alerta para os desafios globais relacionados com a desinformação e o uso indevido de ferramentas digitais em campanhas eleitorais. Até ao momento, não há registo de declarações oficiais do PS ou de António Costa sobre as alegações. NS

 
                        