O advogado, membro do “bureau” político do MPLA e autor da constituição atípica de 2010, Carlos Maria Feijó está a um passo de se tornar no maior acionista do BFA, num negócio em que conta com o suporte financeiro da Gemcorp, empresa envolvida em negócios pouco transparentes em Angola. O negócio deve merecer aprovação do Banco Nacional de Angola para ser efectivado.

Além das relações privilegiadas de Feijó com a Cidade Alta, joga a seu favor o facto de a Gemcorp, que o suporta, manter uma relação de negócios com o governo e com o BNA, que tem a última palavra neste negócio.

Concorre para a compra deste banco o Grupo Carrinho. Os dois interessados têm de apresentar, até 18 de julho, as respetivas propostas vinculativas para a compra da posição de 48,1% que o BPI tem no Banco de Fomento Angola (BFA).

As propostas serão entregues em Londres, onde se situa a sede da Exotix, a boutique financeira especializada em operações de fusão e aquisição em África, que o BPI mandatou para concretizar a operação.

A previsão é que o negócio seja concluído entre os meses de setembro e outubro.

O advogado, ex-governante, membro do “bureau” político do MPLA, professor catedrático de Direito e e coordenador da revisão da Constituição de Angola feita em 2010, é visto como uma das pessoas mais influentes e também de maior prestígio no país.

A sua associação à Gemcorp reforça a candidatura deste fundo que começou a fazer negócios em Angola em 2007 e está envolvido, por exemplo, na construção da nova refinaria de Cabinda e reabilitação e expansão das redes de transmissão da Angola Telecom. O Grupo Carrinho, por sua vez, tem assumido particular mediatismo durante o consulado de João Lourenço.

A par da área industrial, o grupo já controla dois bancos, o Banco de Comércio e Indústria (BCI) e o Keve.

Estado vai fazer uma venda dupla na Unitel

O futuro comprador do BFA poderá, ao que tudo indica, tornar-se o maior
acionista do banco. Esta circunstância resulta da intenção já manifestada pelo
Governo de dispersar em bolsa parte do capital do BFA que é detido pela Unitel,
o que poderá materializar-se no ano em curso.

A operadora de telecomunicações controla uma posição de 51,9% e se o Estado
materializar esta alienação, cuja intenção já assumiu publicamente, o comprador
da quota do BPI no BFA passará a ter o estatuto de principal accionista, por
via da redução da participação na Unitel, podendo até reforçá-lo, comprando
parte do capital que for disponibilizado através do mercado de capitais.

Aliás, além do BFA, a Governo dirigido por João Lourenço revelou igualmente
o desejo de cotar em bolsa uma parte da posição que detém na Unitel, operada
que por sua vez é controlada a 1005 pela Sonangol.

C/JN

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