O aumento da LUIBOR sinaliza que os bancos que têm mais liquidez estão a emprestar, no mercado interbancário, a preços mais altos aos que têm pouca liquidez. Como consequência, os custos associados também se tornam mais caros, dando margem para o aumento do malparado.
Os empréstimos bancários a particulares e empresas estão a ficar mais caros com a subida da taxa de referência para o crédito interbancário, a LUIBOR, que atingiu recentemente a taxa mais alta desde Dezembro de 2019, o que significa que crédito está hoje mais caro, dando margem para o aumento do malparado.
O aumento da LUIBOR deve- -se, sobretudo, ao facto de o mercado cambial estar a movimentar mais moeda estrangeira nas últimas semanas, segundo apurou o Expansão. Uma vez que são necessários cada vez mais kwanzas para adquirir uma nota de dólar ou euro, os bancos com insuficiência de liquidez de curto prazo recorreram ao mercado interbancário para obter dinheiro e os que têm mais liquidez, os maiores bancos, vendem a taxas mais altas, o que por efeito acaba por empurrar a LUIBOR para cima.
Tal como apontam os analistas do BFA numa nota de informação semanal, “com um mercado cambial um pouco mais movimentado nas últimas semanas, temos notado alguma procura por liquidez por parte de alguns bancos, o que está a pressionar a LUIBOR”.
A LUIBOR (acrónimo inglês de Taxa Interbancária de Oferta de Fundos do Mercado de Luanda) é a taxa que os bancos cobram quando emprestam dinheiro entre si. E se a taxa básica do BNA serve de referência às taxas LUIBOR, estas, por sua vez, servem de referência às taxas de juro de crédito a clientes. As taxas LUIBOR variam em função das maturidades, nomeadamente, de 1 dia (overnight) até 12 meses. Normalmente, quando alguém vai ao banco pedir crédito, a instituição bancária cobra-lhe uma taxa LUIBOR mais uma margem que depende do risco desse cliente.
Seria necessário recuar até Dezembro de 2019 para encontrar as taxas mais altas em relação às actuais. Exactamente no dia 26 de Dezembro de 2019 a overnight atingiu os 29,91%, o valor mais alto de sempre. Esta quarta-feira, a LUIBOR overnight estava à volta dos 26,73%, o que compara com Janeiro deste ano, quando registou a overnight mais baixa desde que há registo, ao atingir os 4,0%.
Crédito mais caro
A título de exemplo, as pessoas que contraíram um empréstimo bancário há uns meses, em que a taxa LUIBOR estava mais baixa, hoje com o aumento da taxa estão a pagar prestações mais altas. E a tendência será de as prestações continarem a subir nos próximos meses, já que a maioria dos empréstimos são indexados à taxa LUIBOR a 3 meses. Entretanto, o contexto macroeconómico continua a ser desafiador, já que a taxa de inflação tem estado a crescer – atingiu os 31,09% em termos homólogos em Julho (ver página 30) – o que acompanhado com a depreciação do kwanza e as dificuldades de acesso a divisas pode pressionar os preços nos próximos tempos, tornando a vida das famílias mais difícil, o que abre espaço para incumprimentos, pressionando assim o crédito malparado. Assim, para os analistas do BFA, a subida dos juros nos prazos mais longos deverá afectar o custo do crédito à economia, já que as taxas do mercado monetário interbancário são indexantes para vários tipos de crédito à economia. Expansão
