O corredor do poder em Malabo está tomado por uma atmosfera de estresse, medo e desconfiança. E a responsabilidade dessa tensão está, em diferentes círculos, a ser atribuída aos serviços de inteligência do país, por conta do vazamento de vídeos ‘amorosos’ de infidelidade entre conjunges ligados ao centro do poder, produzidos há largos anos.
O Governo já interditou o acesso à internet, não porque o seu poder esteja a ser ameaçado por manifestantes e por isso tenciona travar o fluxo de informação não, de forma inédita, como nunca antes visto, as autoridades optaram por restringir a internet para proteger as famílias, face à circulação de quatro centenas de vídeos em que aparece o director da Agência Nacional de Investigação Financeira, Baltasar Ebang Engonga, em actos sexuais com esposas de ministros, do Procurador-Geral da República e entre outras mulheres do centro do poder.
“Como Governo, não podemos continuar a ver famílias destruídas”, disse Teodoro Nguema Obiang Mangue, vice-presidente responsável pela Defesa e Segurança do país, no momento em que anunciava a aplicação de restrições no acesso à internet.
Independentemente do que se diz no país sobre Baltasar, há uma certeza: não foi ele quem vazou os vídeos.
Face à capacidade tecnológica demonstrada em vazar 400 ‘clipes’ em tão pouco tempo, suspeita-se que tenham sido os próprios peritos a fazê-lo.
A crença nessa perspectiva resulta do facto de Baltasar Ebang Engonga ter sido preso antes do vazamento dos vídeos, sob suspeita de desvio de fundos. Na sequência da detenção, foram apreendidos vários meios pertencentes a este antigo chefe da polícia financeira bissau-guineense.
E entre os meios apreendidos, como sublinham fontes locais, estão diapositivos onde Baltasar armazenava seus vídeos secretos.
Em face disso, a nível interno, há uma forte pressão para abertura de uma investigação séria, tendo em conta os danos provocados à sociedade – pois são crianças e jovens que deixam de ir à escola por receio de bullying, por que a progenitora aparece num vídeo em actos indecorosos, esposos que perdem a autoestima, além dos pais das senhoras visadas nas filmagens, que se questionam sobre onde terão falhado.
O facto, entretanto, está igualmente a provocar indignação sobre a metodologia de recrutamento para os operacionais dos serviços de inteligência.
De referir que o fim último da inteligência e segurança é a protecção da nação contra acções desestabilizadoras, e estes ‘clipes’ de Baltasar, vazados não por ele, acabaram por abalar toda a nação. Correio da Kianda