No próximo dia 23 de maio, o Presidente da República, João Lourenço, viajará ao Brasil para um encontro com o seu homólogo, Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de fortalecer as relações bilaterais, com foco no setor agropecuário, segundo informações do Governo brasileiro. A visita insere-se na estratégia de diplomacia económica angolana, visando atrair investimento estrangeiro e consolidar parcerias estratégicas.

De acordo com o especialista angolano em relações internacionais, Crispim Senga, a visita presidencial é uma oportunidade para reforçar a cooperação no agronegócio, mas os resultados dependerão da capacidade de Angola em implementar os acordos assinados. “O principal objetivo político desta visita é reforçar as relações bilaterais, centrando-se no setor agropecuário”, afirmou Senga em declarações à agência Lusa. O analista destacou a recente missão de 30 empresários brasileiros, liderada pelo ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, que esteve em Angola entre 5 e 10 de maio para reuniões governamentais e visitas técnicas nas províncias de Luanda, Malanje e Cuanza-Norte.

Senga sublinhou, no entanto, que Angola enfrenta desafios internos que dificultam a atração de investidores estrangeiros. “Questões como corrupção, instabilidade e falta de infraestruturas de comunicação são barreiras que precisam ser superadas para reter investimento”, alertou, enfatizando que “nenhum investidor, em sã consciência, vai investir num país onde não tem garantia de retorno”. Para o especialista, o sucesso dos acordos depende não apenas do Presidente, mas também da ação dos seus auxiliares na concretização prática das parcerias.

A relação comercial entre Angola e o Brasil tem forte peso no agronegócio, com cerca de 70% das exportações brasileiras para o país sendo compostas por produtos como açúcar e carnes de frango, bovino e suíno. Em 2023, esses produtos representaram 340 milhões de dólares dos 493 milhões exportados para Angola.

Embora João Lourenço seja também presidente da União Africana (UA), Senga esclareceu que a visita ao Brasil é realizada na qualidade de chefe de Estado angolano, e não da UA. Contudo, admitiu que a liderança angolana na organização pode influenciar a agenda africana, mantendo a continuidade das estratégias definidas pelo bloco.

A visita de João Lourenço ao Brasil é vista como um passo estratégico para consolidar parcerias económicas e promover o desenvolvimento do setor agropecuário angolano, desde que acompanhada de esforços internos para criar um ambiente favorável ao investimento. JE

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