É com muito gosto que recebemos, em Luanda, o Senhor Luís Montenegro, Primeiro-Ministro do Governo de Portugal, e a delegação que o acompanha, sobretudo pelo facto de estar a realizar esta sua primeira visita oficial a Angola poucos dias depois de ter completado os primeiros 100 dias de governação e cerca de três meses após termos estado juntos em Lisboa, por ocasião dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.
Este facto reflecte bem a importância que Portugal dá às relações de amizade e de cooperação com um país-irmão, membro da CPLP, que é Angola. E por essa razão, nós só temos que agradecer o facto de termos sido o primeiro país escolhido para a realização desta sua primeira visita oficial.
Nos bons e nos maus momentos, conforme o próprio Primeiro- Ministro Montenegro acabou de dizer, nós estivemos sempre juntos, apoiamo-nos mutuamente: nos bons momentos de Angola, nos maus momentos de Angola; nos bons momentos de Portugal, mas também nos maus momentos de Portugal.
E é assim que a nossa relação vai continuar. E a nossa relação é entre Estados e não é entre partidos políticos. Porque quem tem a responsabilidade de definir qual é o partido político, qual é a força política que deve governar os nossos países, são os respectivos povos. Portanto, os respectivos eleitores.
Nós só temos que respeitar a vontade dos eleitores. Temos sabido respeitar esse princípio de que as relações são entre Estados e é por esta razão que, ao longo de quase 50 anos – estamos muito próximos de completar os 50 anos desta relação – [cooperamos] independentemente de quem está no poder, num país ou no outro. Quase que não se sente esta mudança de cadeiras, se me permitem falar assim.
Nós, com Portugal, desenvolvemos uma relação de cooperação que abrange praticamente todos os domínios das nossas economias.
Já houve um período em que privilegiávamos, sobretudo, o investimento público, no caso de Angola, coberto pela linha de crédito de Portugal, em que as empresas portuguesas realizavam empreitadas em Angola, a coberto dessa mesma linha. Mas nós – sem prejuízo de isto continuar a ser-, nós privilegiamos mais, hoje, o investimento privado português em Angola e o investimento privado angolano em Portugal.
Estamos numa economia de mercado e na economia de mercado o maior espaço deve ser dado, sem sombra de dúvida, ao sector privado. Há ainda muito por se fazer em termos de infra-estruturas públicas. Mas, paralelamente, gostaríamos de ver incrementado o interesse dos nossos investidores privados em investir em cada um dos nossos países.
PR já decidiu como utilizar os 500 milhões de Euros
Nós agradecemos o anúncio que o Senhor Primeiro-Ministro acabou de fazer, do incremento do valor da linha de crédito em mais 500 milhões de Euros. Pragmáticos como somos, ele e eu, ele trazia, sem anunciar, se calhar nem a própria delegação portuguesa sabia, o documento que o Ministro das Finanças assinou no fim, já sozinho.
Eu do meu lado, a partir do momento em que, no encontro em privado, ele anunciou esse incremento do valor da linha de crédito, tomei de imediato a decisão sobre a forma como vamos utilizar esses 500 milhões que vão entrar.
Neste intervalo entre a assinatura dos acordos e estas declarações à imprensa, acabámos, com os ministros respectivos, de dar já o destino a esses 500 milhões.
Não vamos anunciar agora. Pelo menos eu não o farei. Mas era só para dizer que a vida é dinâmica. Não podemos perder muito tempo e os técnicos que trabalhem nos estudos… Mas, em princípio, do ponto de vista político, a nosso nível, a decisão está tomada. Agora, que os ministros façam o seu trabalho.
Chefe de Estado infatiza a visita de Luís Montenegro à FILDA e Benguela
Sei que amanhã é o dia de Portugal na FILDA. Vai ter a oportunidade de interagir com as empresas portuguesas expositoras, depois vai a Benguela, ver projectos que foram executados também por empresas portuguesas, no quadro da linha [de crédito] com Portugal.
Vai ver duas grandes infra-estruturas, duas empresas: o Porto do Lobito e o Caminho-de-Ferro de Benguela, que são, no fundo, o coração do Corredor do Lobito, uma infra-estrutura de importância não apenas nacional, mas, podemos mesmo dizer, de importância internacional.