É a primeira vez que o filho varão do antigo presidente José Eduardo dos Santos abre a boca e faz revelações bombásticas sobre o processo que enfrenta na justiça e dos últimos dias do seu pai. José Filomeno dos Santos considera o processo que pesa sobre si «castelo de inverdades» e diz que foi julgado nesse processo por ser filho de José Eduardo dos Santos.
Em entrevista que concedeu ao Novo Jornal, o filho de José Eduardo, que há quatro anos, enfrenta processo na Justiça angolana por conta da sua passagem pelo Fundo Soberano reafirmou a sua inocência e insistiu que o processo judicial que determinou, em 2018, a sua prisão preventiva foi motivado «por ser filho de José Eduardo dos Santos». Zenú, denunciou suposta retenção ilegal dos seus documentos e sobre os últimos momentos de convívio com JES: «O meu pai estava desiludido com tudo quanto acontecia à família e pela forma como ele pessoalmente estava a ser tratado».
“Desde que o processo começou, estamos praticamente retidos de forma ilegal há quatro anos. Esta condição equivale a uma prisão domiciliar dada a restrição de um direito constitucionalmente consagrado, que é o de ir e vir. O Tribunal Supremo levantou as medidas de coacção em 2019, incluindo as restrições de deslocações dentro e fora do País, mas, até ao momento, não tenho os meus documentos e ninguém diz nada. Retêm os documentos de forma ilegal. Enquanto o processo esteve no Tribunal Supremo, em pelo menos três ocasiões diferentes, escrevi a essa instância a solicitar informações, mas não mos entregaram e não me deram qualquer esclarecimento. Hoje, já no Constitucional, a situação mantém-se. Ninguém responde a nada. Simplesmente não há respostas”, esclareceu. Segundo Zenú, a justiça angolana persiste em ignorar todas as provas em como não houve qualquer crime. “Não é por acaso que a Justiça se recusou peremptoriamente a ouvir o ex-Presidente e desvalorizou todas as suas tentativas de esclarecer os factos e a verdade. É, portanto, um processo marcado por muitos atropelos à Constituição desde a sua fase inicial. Os advogados insistiram, ainda na fase de instrução, que o Ministério Público ouvisse a pessoa que autorizou a operação, no caso o ex-Presidente da República, mas o Ministério Público recusou. O mesmo ocorreu na fase de instrução contraditória. Quando, finalmente, na fase de julgamento, o tribunal aceitou receber as declarações do ex-Presidente, não as valorizou, com insinuações de que a assinatura posta nas declarações seria falsa. Acredito que o motivo era de que o conteúdo da carta não agradava quem acusava. Na altura, o ex-Presidente estava vivo, os advogados pediram ao tribunal para ouvi-lo, se necessário, por videoconferência, mas o tribunal não aceitou”.
