A União Europeia (UE) anunciou ontem a suspensão por 90 dias da introdução de taxas aduaneiras sobre produtos norte-americanos, seguindo decisão similar do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida visa criar espaço para negociações comerciais entre os dois blocos económicos.

“Tomámos nota do anúncio feito pelo Presidente Trump. Queremos dar uma oportunidade às negociações”, afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em comunicado oficial.

A UE havia aprovado, na quarta-feira, tarifas de 25% sobre diversos produtos dos EUA, incluindo amêndoas, sumo de laranja, aves, soja, aço, alumínio, tabaco e iates. Esta decisão surgiu como resposta às tarifas de 25% impostas por Washington às importações de aço e alumínio europeus.

A suspensão das contramedidas europeias não significa, no entanto, que a UE tenha recuado na sua posição. Von der Leyen advertiu que “se as negociações não forem satisfatórias”, as tarifas “entrarão em vigor”, sublinhando que os trabalhos preparatórios continuam.

“Como já referi, todas as opções permanecem em cima da mesa”, reiterou a líder europeia.

“Estabilizar a economia mundial”

Ursula von der Leyen saudou a iniciativa americana como “um passo importante para estabilizar a economia mundial”, destacando que “condições claras e previsíveis são essenciais para o funcionamento do comércio e das cadeias de abastecimento”.

A presidente da Comissão sublinhou ainda que “as tarifas são impostos que só prejudicam as empresas e os consumidores”, demonstrando a preferência de Bruxelas por uma solução negociada.

O porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, Olof Gill, explicou que o executivo comunitário apenas “carregou no botão de pausa” para permitir as negociações, confirmando que as medidas serão implementadas caso não se alcance um acordo satisfatório.

Impacto na economia global

As tensões comerciais entre os EUA e vários parceiros, incluindo a UE, têm provocado instabilidade nos mercados financeiros mundiais nos últimos dias, com acentuadas perdas nas bolsas de valores.

A UE já havia proposto anteriormente, sem sucesso, um acordo pautal zero com os Estados Unidos. A ambição europeia, segundo von der Leyen, continua a ser alcançar trocas comerciais “sem atritos e mutuamente benéficas” entre os dois maiores blocos económicos do mundo.

Analistas económicos apontam que esta “trégua comercial” de 90 dias poderá ser crucial para restaurar a confiança nos mercados e evitar uma escalada de medidas protecionistas que prejudicariam a economia global. JE

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