O presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, revelou em tribunal que considerou separar o Instagram em 2018, antecipando possíveis investigações antitruste, segundo documentos apresentados durante um julgamento em Washington.

“Eu me pergunto se deveríamos considerar a medida extrema de transformar o Instagram numa empresa separada”, escreveu Zuckerberg num memorando onde discutia estratégias para reorganizar a família de aplicações da empresa. “À medida que crescem os pedidos para desmembrar as grandes empresas de tecnologia, há uma chance nada trivial de que sejamos forçados a desmembrar o Instagram e talvez o WhatsApp nos próximos 5 a 10 anos”, acrescentou.

O caso, iniciado durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, é considerado um teste para as promessas do actual governo de enfrentar as grandes tecnológicas.

“O Instagram era melhor”

No segundo dia de depoimento, Zuckerberg admitiu que a Meta adquiriu o Instagram porque este tinha uma câmara “melhor” do que aquela que a sua empresa estava a desenvolver sob a marca Facebook.

“Estávamos a fazer uma análise de construção versus compra durante o processo de criação de um aplicativo de câmara”, explicou. “Achei que o Instagram era melhor nisso, por isso considerei que seria vantajoso comprá-lo.”

Esta declaração parece reforçar as alegações das autoridades antitruste norte-americanas de que a Meta utilizou uma estratégia de “comprar ou enterrar” para eliminar potenciais rivais e manter um monopólio ilegal.

Dificuldades em criar novos aplicativos

O executivo também reconheceu em tribunal que muitas das tentativas da empresa para criar os seus próprios aplicativos fracassaram. “Criar um novo aplicativo é difícil e, na maioria das vezes, quando tentámos desenvolver uma nova aplicação, ela não ganhou muita tracção”, afirmou. “Provavelmente, tentámos criar dezenas de aplicativos ao longo da história da empresa e a maioria deles não teve sucesso.”

O depoimento surge anos após a divulgação de documentos comprometedores, incluindo um email de 2008 no qual Zuckerberg afirmou que “é melhor comprar do que competir”.

Definição do mercado em disputa

A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) acusa a Meta de deter o monopólio das plataformas utilizadas para partilhar conteúdo com amigos e familiares. Segundo a agência, os principais concorrentes da empresa nos Estados Unidos são o Snapchat e o MeWe, um pequeno aplicativo de média social.

Em contrapartida, a Meta argumenta que a FTC definiu o mercado de média social de forma imprecisa e não considerou a forte concorrência que enfrenta do TikTok, YouTube e do serviço de mensagens da Apple.

O julgamento, que decorre esta semana, ouvirá depoimentos de actuais e antigos executivos da Meta, incluindo a ex-directora de operações Sheryl Sandberg. Uma eventual ordem para vender o Instagram e o WhatsApp teria um impacto significativo nos negócios da empresa, já que metade do seu facturamento nos EUA provém do Instagram, segundo projecções da consultoria eMarketer. G1/Investing

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