O Expansão apurou junto de alguns
mercados informais que o preço médio da saca de cimento passou de 3.200 kz para os actuais 5.400 Kz, que na prática significa um crescimento de quase 70%.
Os preços dos materiais de construção analisados pelos INE entre Julho de 2023 e Junho de 2024 tiveram um aumento de 24,3%, um valor abaixo da inflação homóloga para o mesmo período, 31%, mas com impacto nas obras que estavam a decorrer, nomeadamente nos projectos de autoconstrução, onde as condições financeiras dos promotores são mais limitadas. Entre estes, o cimento foi o produto em que o preço mais cresceu, 55,6%, justificado pela redução de oferta disponível, algumas fábricas baixaram a entrega no mercado, sendo que duas delas suspenderam mesmo a produção durante um período de
tempo.
Se olharmos para evolução mensal nestes últimos meses, os preços começaram a crescer de forma mais expressiva a partir de Setembro do ano passado até Março de 2024, o acumulado destes sete meses foi de 40%, tendo uma ligeira baixa em Abril, – 0,7%, e voltou aos crescimentos positivos em Maio (+2,0%) e Junho (+3,2%).
O Expansão apurou junto de alguns mercados informais em Luanda, onde os cidadãos e as pequenas empresas se abastecem, que o preço da saca de cimento passou de 3.200 kz o ano passado para os actuais 5.400 kz, que na prática significa uma aumento de 69%, acima daquilo que é reflectido nos números do INE.
Também nos foi explicado que é muito difícil comprar cimento nos circuitos formais, porque a Cimangola, por exemplo, não vende directamente pequenas quantidades.
Se olharmos para outros produtos que são a base das construções de habitações, percebemos que os blocos registaram um incremento de 15,6%, com um crescimento preocupante nos últimos quatro meses, em que o acumulado mensal foi de quase 8%, mais de metade do crescimento do último ano. Esta é uma tendência em crescendo, tendo tido o valor mensal mais alto precisamente em Junho.
A análise daquilo que se entende como produtos básicos pode estender-se à Areia (+12,3%), Abobadilha (+16,4%), Burgau (+17,7%) e Tijolos (+17,7%). Relativamente a este último, assistiu- – se a um fenómeno semelhante aos Blocos – não deixam de ser dois produtos relacionados – em que nos quatro últimos meses o aumento dos preços foi mais acentuado, 11% no acumulado mensal, 62% do total do crescimento no último ano.
Já a categoria “Aço”, onde se juntam os varões e tubos de aço e a malhasol, o crescimento nos últimos seis meses de 2023 foi mais acentuado, sendo que este ano, com excepção de Maio, o aumento dos preços mensal esteve sempre abaixo de 1%. Este é um produto fundamental, já produzido no País, pelo que está mais defendido face às oscilações da kwanza. Depois do cimento, no universo estudado pelo INE, as categorias que mais cresceram foram as Tintas (+28,9), os preços passaram a ter crescimentos mensais acima dos 20% desde Março deste ano, e os vernizes (+37,5%), com os maiores incrementos mensais na taxa homóloga entre Outubro e Dezembro de 2023, com valores que oscilaram entre os 41,5% e os 43,2%.
Destacar também o aumento dos preços da categoria Madeira e Contraplacado (+ 21,2%) e Vigas, Vigotas e Ripas (+18,3%) e Vidros (+15,6%). Tal como em outras categorias, se analisarmos a evolução da inflação homóloga mês a mês, percebemos que o ritmo de crescimento de preços tem vindo a aumentar desde Março, o que indicia uma tendência de crescimento que pode penalizar o sector neste segundo semestre de 2024. Expansão